Mensagens

A mostrar mensagens de 2023

Acordo de Rendimentos

 Como já referi por diversas vezes, sou fraco de entendimento. E certas ideias ou conceitos básicos sentem dificuldade em entrar e encontrar lugar confortável naquele órgão que me separa as orelhas e me permitiu aprender a contar até três. Li hoje num órgão de comunicação social que foi celebrado Concertação Social entre o Governo, as quatro confederações patronais e a UGT, um acordo de rendimentos em ficou prevista a criação de um incentivo ao regresso ao mercado de trabalho dos desempregados de longa duração que se encontrem a receber o subsídio de desemprego. Esta medida irá permitir acumular uma parte desse subsídio com o novo salário, de modo a garantir que os beneficiários recebem um rendimento superior ao que tinha em situação de desemprego, “tornando mais vantajosa a aceitação da oferta” do posto de trabalho. Com esta medida, explica o Governo, “pretende-se, por um lado, desincentivar que a situação de desemprego e consequente perda de capacidades produtivas se perpetue. E,...

Senhor Presidente, um microfone não é um gelado

 As intervenções do Sr. Presidente da Republica perante a comunicação fazem-me crer piamente que tendo, atingido o ponto mais alto da sua carreira com a chegada a Belém e não tendo mais nada de útil para fazer, assumiu como único objectivo na sua vida fazer-me passar vergonhas por interposta pessoa. Pode ser mania da perseguição minha, mas estou plenamente convencido que o Senhor Presidente acorda, confirma que ainda está vivo e vai de magicar uma forma de me envergonhar e se possível, por arrasto, envergonhar todos os portugueses. Não é esta última uma condição imprescindível mas, se puder ser, melhor para o seu ego de criançola atrevida. Depois daquelas tristemente memoráveis intervenções sobre tamanho do decote de uma cachopa, que se poderá atribuir à sua personalidade ou senilidade, e dizer na cara do embaixador da Palestina um “foram vocês que começaram”, como se fosse uma educadora de infância perante um aluno de três anos que levou nas trombas de outro mais velho, tive ontem...

CSI - Procuradoria-Geral da República

  Peço desculpa, mas lança-se o país numa crise política a meio da discussão de um orçamento fulcral para Portugal e para os portugueses, devido a um comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR), no qual se refere que, "no decurso das investigações" aos membros do Governo e empresários envolvidos num processo que investiga negócios relacionados com a exploração de lítio em Montalegre, surgiu "o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido". Ou de uma forma mais curta; os suspeitos, leia-se membros do governo e empresarios envolvidos num processo de investigação, numa qualquer altura, invocaram o nome e autoridade do primeiro ministro para desbloquear procedimentos". Como?, pergunto eu. Do género "olhe, veja lá que eu sou amigo do primeiro-ministro"? Ou "olhe que foi o primeiro ministro que mandou"? Na minha opinião, ...

Tout va bien

 49 anos e meio depois do 25 de Abril, fiquei muito satisfeito por saber que, segundo os dados da Pordata, 18,5% (1.700.000) dos portugueses vive  situação de pobreza. Segundo os dados da mesma fonte, casais com 2 filhos estão mais pobres e vêem-se incapazes de enfrentar despesas inesperados como seja uma consulta no dentista ou o agravamento do Imposto Unico de Circulação que irá incidir sobre os veículos com mais de 16 anos (com excepção dos carros clássicos, não vá esta medida afectar os senhores doutores que coleccione carros antigos.  Onde deu-se mais um atentado em Bruxelas que desta vez vitimou 2 adeptos da selecção da Suécia. Felizmente, desta vez, a comunicação social, não teve pudor habitual de esconder a nacionalidade do autor, um tunisino que se encontrava na Europa de forma ilegal e que na altura dos disparos gritou "Deus é grande". Todavia, como consequência mais grave deste atentado, não foi a morte de 2 cidadãos suecos, mas o incómodo que esta balbúrdia ca...

Excusez moi

 Num metro apinhado de gente de rostos fechados que se espreme uma contra a outra, viaja uma família carregada de malas, que adivinho recém chegada de Angola. O rosto do patriarca, que andará aí pelos 50 a 60 anos, presenteia-nos com  um sorriso que lhe atravessa a face desde o lóbulo da orelha esquerda ao lóbulo da orelha direita, traçando uma linha que faz lembrar a mítica aspiração inglesa de criar o Cape to Cairo Railroald para rasgar e tornar seu todo o continente Africano. Aquele sorriso no seu rosto representa tão só a humilde inocência do povo africano que ainda não foi corrompida pela vida nas cidades. Tudo para ele é novo, o Metro, as estações, a amálgama de pessoas que se comprimem para um dia de trabalho… Veste um velho fato de treino do Manchester United com o emblema meio descosido e muito, muito coçado, que lhe denuncia a origem modesta.  Portugal é certamente a sua rota de fuga a uma vida de pobreza. O que irá encontrar não sabe, mas sonha certamente que s...

A porca política do arquipélago

 Ouvir as declarações que Miguel Albuquerque, vencedor das eleições regionais na Madeira, fez ontem perante os órgãos de comunicação social, justificando que a promessa de se demitir, caso não vencesse com maioria absoluta, tinha apenas como finalidade incentivar os eleitores, os seus, a não ficarem em casa e irem votar, em si, naturalmente, fez-me, mais uma ve,z, corar de vergonha da nossa classe política  Confessava o safardana, certamente sem dar conta das consequências das suas palavras, ou pior, consciente da inimputabilidade que paira sobre esta gentalha, que durante a campanha eleitoral mentiu deliberadamente e em proveito próprio aos seus eleitores. Diz portanto o pirata, que não quebrou a sua promessa, mas que apenas mentiu quando fez a promessa. E portanto um homem de palavra, mas... mentiroso.  Por outras palavras, quer este senhor fazer-nos acreditar que os fins justificam os meios, sejam eles quais forem.  Pergunto e certamente com alguma pertinência, se...

Deixe-se dessas coisas senhor Presidente

 Não satisfeito com as figuras tristes que tem feito nos últimos dias no Canadá, com os seus “uí à bacalhau, uí à cozido à portuguesa, ui à fandango” com que fez corar os portugueses um pouco por todo o mundo, ou a observação senil sobre a dimensão do decote de uma moçoila lusocanadiana, presumo que bem provida de atributos (mentira, não presumo nada, já vi o vídeo e a miúda, para além de gira que se farta, merece cada centímetro daquele decote), que ficariam bem a um carroceiro ou a um carregador de hortaliças no mercado do Bolhão, o patetinha a quem demos a honra de presidir este país, parece estar a apurar o seu discurso de parvoíces esperando-se em superar a idiotice anterior, por uma idiotice mais refinada.  No sábado, tive o prazer de ouvir mais uma das suas brilhantes ideias que certamente terá aterrorizado os seus assessores que têm vivido momentos difíceis. Disse o vetusto senhor que os países da União Europeia que não alinhassem pelas decisões tomadas por um núcleo d...

Sugestões de gratificação

 Aproveitando o intervalo entre a notícia, explorada até à exaustão pela comunicação social, do beijo de um treinador careca a uma jogadora e os milhares de fotografias de nuvenzinhas que estão diariamente a ser publicadas no Facebook com perguntas estúpidas sobre o nome das mesmas,  desde que no dia 28 de Agosto enfeitaram os céus de Lisboa umas altocumulus lenticularis, tive o desprazer de ser apresentado a uma manhosice extorsionária inventada pelos profissionais da restauração a que eufemísticamente chamam de “sugestão de gratificação”. Pretendem os galegos apresentar no final da refeição aos incautos clientes, dois preços: um com o valor dos bens consumidos, mais Coca-Cola, menos Coca-Cola, e outro incluído a referida “sugestão de gratificação” que acrescenta mais 5% ao total da refeição e que servirá segundo a associação de extorcionistas, que consegue dizer estas coisas sem se rir, para motivar os empregados de mesa a prestar um melhor atendimento ao Cliente, entenda-se...

O Jé

  No Lidl, um exemplar do sexo feminino, parca de carnes e cabelo cortado curto à beata de igreja, que se notava ter sido recém colorido de um loiro alaranjado para disfarçar   a cabeleira mais que grisalha, lutava com os botões da caixa multibanco e ia descrevendo a operação e ditando os afazeres   ao marido que, logo atrás dela, se escondia atrás de um imenso carrinho de compras que faziam a sua fraca figura parecer ainda mais enfezada. "Jé, olha para isto o que está aqui a dar. Jé, olha, olha,   ó Jé" O marido, ocupado a tentar controlar o carrinho de compras que mostrava tendência para fugir para a esquerda, não lhe podia dar a atenção que ela exigia". "Jé, vê lá, vê lá, olha os números. Jé.. Olha para aqui" E   o Jé de pernas fincadas no chão e cu espetado para trás a tentar segurar o carrinho que queria fugir fazia-me lembrar o capitão Ahab a tentar segurar a Moby Dick pelo rabo. "Olha, dij aqui código errado..." Pausa dramática. ...

Da Veneziana à JMJ

 Neste mundo, para além de um bom rabo, existem duas coisas que não me canso de apreciar: o gelado de baunilha da gelataria Veneziana, nos Restauradores, e a total inépcia dos portugueses em qualquer assunto que tenha a ver com segurança. A primeira (o gelado de baunilha, não os rabos que vieram mais tarde), aprendi a apreciar, ainda pequeno, pela mão do meu pai nas poucas vezes em que íamos à baixa por épocas do estio e por lá passávamos, “ É um cone de duas bolas aqui para o rapaz. Escolhe lá de que é que queres”. E eu olhava para todas as cuvets, ainda sem os estúpidos sabores de pastilha elástica, Kinder e Oreos que agora entopem as gelatarias, e dizia “Baunilha e chocolate”, era invariavelmente baunilha e chocolate. Primeiro o chocolate escuro sobre o cone e depois a baunilha por cima. O chocolate era bom, mas a baunilha… ai a baunilha. Ainda hoje me recordo do sabor e do cheiro daquela baunilha. Não me venham cá com Santinis e outras gelatarias da moda que nenhuma delas tem u...

El Rei do Pineal

 Pelas piores razões, fui hoje e certamente foi-o também a maioria dos portugueses, apresentado ao Reino Pineal, uma seita que se auto define como “espiritual” e que, com pleno conhecimento das autoridades portuguesas, se estabeleceu numa Quinta particular lá para os lados de Coimbra e, à laia da seita organizada por Charles Manson há uns anos atrás na Califórnia, decidiu viver à margem das Leis do país que os acolhe e reger-se segundo as regras ditadas pelo seu líder, um iluminado ex-chef de cozinha inglês que um dia decidiu deixar os tachos e as panelas para se dedicar a servir de ponte entre meia centena de acólitos e uma vida de adoração às beldroegas. Mas como nem só de espiritualidade vive o homem e muito menos os déspotas, também é intenção do líder do grupelho, eventualmente inspirado por uma visita ao Portugal dos Pequeninos que ele julga ser o Reino dos Hobbits, tornar a quinta onde vivem num estado independente, livre da opressão das regras da sociedade e onde, aqui perm...

Jornadas Mundiais da Juventude ou a parábola do filho pródigo

 Confesso que nunca achei justa aquela parábola do Filho Pródigo  Não acho justa e certamente serei menos compreensivo que o bom filho que, após certamente ter dito um punhado de palavrões a que a Biblia fez ouvidos moucos por deferência com os ouvidos dos crentes, acabou por compreender o pai por este ter mandado matar o seu melhor bezerro para festejar o regresso do irmão estroina que gastou a sua parte da herança em putas e vinho verde enquanto ele se esfalfava a trabalhar a fazer não sei o quê lá na quinta. Para além de não a achar justa, por muito que me queiram fazer acreditar no perdão e na compaixão pelos que se deixam cair em tentação, sentimentos que parábola terá tentado enaltecer, recuso-me a aceitar e muito menos a compactuar com a lógica que a sustent. Na minha opinião, em caso algum os direitos dos prevaricadores pode sobrepor-se aos direitos de quem cumpre as regras. Subverter esta regra tem o mesmo sentido do que atribuir uma bolsa de estudos a Jack “O Estripa...

Figueirinha

 Ontem inaugurei a época balnear 2018, a minha claro, e armado de guarda-sóis, mala térmica e família lá rumei eu em direcção à praia da Figueirinha que, de há 3 anos a esta parte, se tornou a minha praia de eleição desde que abandonei definitivamente Sesimbra tornada por estes tempos um antro de gente e famílias de plástico, muito iguais, muito finas e cujo passatempo favorito é caminhar ao longo da praia importunando todos quantos querem praticar uma actividade à beira mar. Quando nos programas de vida selvagem falam dos números impressionantes de mortes que um simples gato doméstico provoca na avifauna local quando deixados em liberdade, eu respondo imediatamente com o número ainda mais impressionante de pessoas que um só destes passeadores de peles e banhas tostadas pelo sol pode incomodar. Param jogos de futebol, de raquetes, de voleibol, pisam e destroem poças e piscinas que os extremosos pais tinham construído para os seus pequenotes, param praticantes de skimming e até cons...

Pós Brexit

 Afinal ainda estamos todos vivos, excepto, claro está, os desmancha prazeres que só para me estragarem a teoria fizeram entretanto o favor de morrer. Passou uma semana e cá continuamos a consumir o oxigénio da atmosfera com a inocência só concedida aos ignorantes e aos pobres de espírito e como se nada de extraordinário se tivesse passado. O anunciado cataclismo mundial, só comparável nos livros de economia à extinção dos dinossáurios, não se verificou. As pessoas normais esqueceram o que é o Brexit, o que é a Grã Bretanha e alguns mais distraídos esqueceram-se mesmo do que é falar inglês e até a própria selecção inglesa teve dificuldade de encontrar o caminho para casa quando foi eliminada do Euro. Foi tudo uma encenação, um faits divers, só a Catarina Martins andou por aí mais uns dias entretida com a coisa até se calar de vez e começar a pensar nos direitos inalienáveis da minoria étnica dos Senegaleses albinos, que vivem numa aldeia de xisto do concelho de Mirandela. O resto p...

Não ofendereis

 Na senda do mundo coninhas que estamos a construir para os nossos filhos, soube que, à semelhança da Unilever e na sequência das manifestações antirracismo motivadas pela morte de George Floyd, a LÓreal vai retirar as palavras branco, branqueamento, claro ou clareamento dos seus produtos para a pele da L’Oréal uma vez que estas designações poderão ter conotações étnicas ou racistas por direcionarem os respectivos produtos para uma raça específica: a branca, uma vez que pretos, excepção feita a Michael Jackson, amarelos e vermelhos não terão interesse algum em branquear ou clarear o que quer que seja. Depois de ter andado à procura e encontrado o meu neurónio que ao ler esta notícia decidiu esconder-se na gaveta das meias, comecei a dar-lhe uso e a pensar nas implicações que este pequeno passo dado por estas marcas poderá ter na nossa vida futura. Qual será o futuro dos bronzeadores? Poderemos utilizar sem ofender alguma raça ou etnia? E em caso afirmativo como os podemos pedir na ...

Diabetes e racismo

 De acordo com os resultados de uma investigação publicada na revista científica Lancet, caso não haja uma revisão da estratégia na luta contra a diabetes, em 2050, haverá no mundo cerca de 1.300.000.000 (mil e trezentos milhões de pessoas)  com o tipo 2 desta doença. O dobro das que existem actualmente. As principais causas segundo o estudo serão, a obesidade, a falta de exercício físico e a alimentação. Às quais se acrescenta agora como factor potenciador desta doença, a localização geográfica. A localização geográfica é que foi para mim algo surpreendente, mas só porque felizmente nunca tinha pensado na diabetes e normalmente o nosso cérebro associa-a automaticamente a gordos, mas reflectindo sobre o assunto, é fácil de compreender que populações com maior dificuldade de acesso a educação alimentar e a uma alimentação variada e saudável terão mais propensão a contrair esta doença, sejam gordos ou não.  Errado! Com localização geográfica, o estudo não pretende abranger ...

Carris Metropolitana

  Viajar nas carreiras da Carris Metropolitana é sempre uma aventura digna dos melhores tempos de Livingstone, Stanley,   Ivens e Capelo   nas suas memoráveis travessias do continente africano que se Sá ia sempre onde se   iniciavam mas nunca se sabiam onde iam terminar, Hoje, ao tentar a temida travessia do Cais do Seixalinho até à Atalaia, dirigir-me em primeira instância a um autocarro identificado com o número 4504 e os dizeres Passil (Atalaia). Após esperar cerca de 7 minutos pelo motorista, neste caso um elemento do sexo feminino ou algo parecido, que até ali estava em parte incerta, fomos por ela informados que o 4504 que ia para a Atalaia, não ia para a Atalaia, pelo que devíamos dirigirmo-nos ao cais que estava a dois lugares ao lado e tomar o autocarro 4502 que dizia Alcochete Convencidos que Alcochete em língua Aramaica ou noutra qualquer língua morta, queria dizer Atalaia, lá fomos nós em fila indiana para o cais seguinte. Pezinho no degrau para s...

Histórias do fundo da rua

 Cada pessoa que morre é uma perda incalculável para a espécie humana, não tanto ou somente pelo seu contributo para o avanço civilizacional, mas principalmente pelas histórias e experiências que com ele também partem. Cada pessoa tem uma uma visão única de cada acontecimento constituindo múltiplas realidades de cada experiência. Se perguntarmos a 10 pessoas diferentes como interpretaram um qualquer acontecimento que tenham experienciado, certamente cada uma delas apresentará pormenores que, não desvirtuando em absoluto a realidade, lhe introduzem um pouco da personalidade do observador.  No meu caso, quando me empurrarem daqui para fora, a humanidade perderá, para além do tal património interpretativo, uma enciclopédia de pequenas histórias, inócuas é certo, mas que o meu cérebro recusa a esquecer por mais anos que passem. Hoje lembrei-me de uma história antiga que tem como protagonista o Farsolas e, como personagens secundárias este vosso amigo e o Paulinho, outro puto de ba...

Burnout

  Um estudo do Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis, revela que cerca de 80% dos portugueses possuem pelo menos um dos sintomas de burnout e cerca de 63% acumulam já, para além do papel higiénico que ainda têm na dispensa dos tempos da Covid, três sintomas: exaustão, tristeza e irritabilidade e indica que os trabalhadores da saúde, administração pública e educação e são os de maior risco. Esta última afirmação vem, no fundo, desmistificar a ideia que a Administração Publica nada faz e certamente que, a partir de hoje, os portugueses que forem a uma repartição publica e sejam recebidos por uma funcionária com cara de cavalo que lhes devolve com um “isto não serve”, os papéis que demoraram semanas a coligir por vários departamentos e repartições a mando dela mesma, não irão levar a mal porque a senhora provavelmente padecerá de um burnout que justifica os seus maus modos e a sua má educação. Tanto mais que o Governo este ano ainda só lhes deu duas pontes, uma n...

Eurofestival 2023

  Para pôr um ponto final sobre o assunto, vou aqui tecer as minhas últimas considerações sobre o Festival da Eurovisão que decorreu no sábado e, como tantos outros antes deste, no final, deixou um travo amargo na boca dos portugueses que esperavam um pouco melhor em termos de pontuação. Mas nem tudo foi mau. Se virmos bem as coisas atrás de nós ficaram ainda 3 países, a Sérvia e as poderosas United Kingdom e Alemanha, o que me deu muita pena. Primeiro, porque a cantora do UK era boa como o milho, mas mesmo boa, nada como aquelas merdosas estereotipadas às piruetas que vêm do Azerbaijão, Lituanias países assim, esta era mesmo boa e bem apresentada, pelo que merecia um lugar de destaque, ou no pódio, ou na minha sala de estar. Em segundo, porque também queria que a Alemanha ganhasse… aqui apenas por uma questão de solidariedade para com a mãe daquele senhor que foi cantar naqueles preparos “Ó filho, então tu foste assim vestido para aquele lugar? Não tinhas uma roupa decente lá em c...

Mendigos à la carte

O assunto do dia é a descoberta pela comunicação social de algo que toda a gente já sabe, ou pelo menos já desconfia, há muito anos: O tráfico internacional de crianças para efeitos de mendicidade. Clãs familiares da Bulgária e da Roménia, aproveitam a mobilidade concedida pelo acordo de Schengen, para comprarem crianças nos países de origem que depois distribuem pelas principais cidades europeias, para recolherem as esmolas de turistas e senhoras mais sensíveis. Para a Judiciária, este é um fenómeno da globalização. Para mim, que sou menos adepto dos lugares comuns, é um fenómeno da inacção. Inacção da polícia e mais que da polícia, dos Governos que adoptaram a política de fingir que não vêem o problema porque, coitadinhos, são pobrezinhos e têm direito à vida. E também porque enquanto andam a encher os passeios da cidades com as suas figuras andrajosas a meter nojo às pessoas, não andam a roubar.  O que, aliás, é exactamente a mesma política ou filosofia que adoptaram, com os arr...

A Europa e o Festival da Eurovisão 2023

 Foi ontem transmitida na RPT 1  a 1ª semifinal do Festival da Eurovisão e não é exagero dizer que foi das melhores prestações que vi uma representante portuguesa fazer neste evento anual. Arrumou todos! Até mesmo aquele noruegueses vestidos de alface e com uma coleira de pregos, que pelos vistos serão os favoritos. Tão favoritos que a apresentadora maior de todas, muito maior que todas, não cessou de lhes fazer publicidade após a sua actuação ou mesmo durante a votação imitando os gestos da dança do cantor. A nossa Mimicat, de quem eu nunca tinha ouvido falar há mais de dois meses atrás e nem mesmo recordo de ter ouvido a canção anteriormente, deu cabo deles. Uma apresentação equilibrada e animada quanto baste para dar vida à coisa, mas não se confundir com aqueles bandos que por lá aparecem a fazerem momices (não está por aí o Pepe, pois não?) e um cenário de luzes espectacular que também não caiu naquela armadilha do exagero e da bimbalhice extrema com que normalmente os pa...

Os Bancos em tempo de crise

 Foi ontem notícia que, em 2022, a margem financeira da banca portuguesa foi de 142%, destacando-se da média dos bancos europeus onde a média foi de 15%. Destes números traduz-se um aumento dos lucros da banca em 72% face ao ano anterior e proporcionou um aumento médio de 20% nos vencimentos dos gestores de topo. De imediato perguntei-me como é possível atingirem-se estes números recorde quando passámos de taxas de juro negativas para máximos dos últimos 20 anos. Ainda por cima em entidades que, muitas delas, foram há pouco tempo intervencionadas ou ajudadas pelo Estado, ou seja, por todos nós. Passados 2 minutos obtive a resposta quando consultei o meu extrato bancário e vi debitados 6,90 € de comissão de manutenção de conta mais 0,29 € de imposto para o Estado A falta de vergonha e o roubo institucionalizado tomaram conta do nosso país e parece que ninguém tem mão neles Já hoje, Vítor Bento, presidente da Associação Portuguesa de Bancos, e pelos vistos em discordância com a minha...

Seres produtores

 Uma Universidade nos EUA decidiu abolir definitivamente do seu léxico, ou até se lembrarem de outra coisa mais interessante para fazer, as palavras Homem e Mulher, passando o primeiro a designar-se por “ser que produz sémen” e o segundo por “ser que produz óvulos”, tudo isto numa tentativa de ser mais inclusivo para as novas espécies que vão aparecendo um pouco todo o lado e não vá também  o diabo tecê-las e alguma criançola lembrar-se, como foi o caso passado em Inglaterra onde uma professora de um renomado colégio foi convidada a demitir-se por ter dito à entrada da sala de aulas “Bom dia, minhas meninas e meus meninos”, mas em inglês, claro, ofendendo assim alguém que não se considerava nem uma coisa nem outra, ou melhor,. ofendendo aqueles que julgando-se uma coisa ou outra, decidiram que poderia haver alguém que, não se considerando uma coisa nem outra, se poderia sentir descriminado. E vai então de apresentar queixa formal à direcção do Colégio que, em vez de ouvir aten...

A Assembleia dos Bons Costumes

 Quarenta e nove anos após o 25 de Abril, qua-ren-ta e no-ve anos, a Assembleia da República irá estudar uma proposta para sancionar os deputados que não assumam um comportamento consentâneo com a sua actividade no hemiciclo. O que levou a esta decisão foi o comportamento, considerado deplorável pela maioria dos partidos, dos deputados do Chega na recepção ao Presidente do Brasil, Lula da Silva. Repare-se, não foram as viagens fantasma dos deputados ao estrangeiro dos anos 90 em que o erário público foi delapidado por viagens ao estrangeiro de ministros e deputados que se faziam acompanhar pelas respectivas famílias; não foi por deputados e ministros declararem moradas de residência falsas para obterem subsídios a que não tinham direito; não foi por, entre eles, marcarem falsas presenças na Assembleia da República; não foi pelos deputados do PCP abandonarem o hemiciclo quando Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia discursou; não foi pela conspiração contra a direita nos corredor...

25 de Abril, sempre... mas sejam rápidos que eu tenho de me ir deitar

 Eu não sei a vossa opinião sobre o 25 de Abril mas, a meu ver, aquilo pareceu-me uma coisa muito mal enjorcada. Não cabe na cabeça de ninguém que uma revolução para por termo a uma ditadura de 40 anos, comece à meia-noite de um dia e no dia seguinte, menos de 24 horas passadas, já esteja tudo resolvido com a rendição do Governo. Ainda por cima foi tudo mal combinado, pois quando o Salgueiro Maia foi ao quartel do Carmo fazer de mau e exigir a rendição do Marcello (com dois ll) este respondeu-lhe com toda a tranquilidade que se pode exigir numa situação destas:  “olha, filho, tarde piaste. Já me rendi ao Spínola ainda há bocado. Podias ter avisado que vinhas.”, o que deve ter aborrecido imenso o homem pois ia ali todo entusiasmado a pensar que tinha tido a ideia primeiro e pimba! O velhadas tinha-se adiantado! Uma autêntica confusão! Na minha opinião uma revolução que se preze dura pelo menos 3 ou 4 dias, para dar tempo a que as coisas sejam feitas como deve ser e para q...

Mãos de preto

 No metro, à minha frente, um preto  desliza os dedos  sobre o ecrã do telemóvel  São dedos grossos como troncos de árvore crestados pelo pó de cimento que ainda não lhe abandonou as mãos após um dia de trabalho. São mãos feias, mãos ásperas, mãos de trabalho duro, mãos de obreiro que a cada toque no cristal do ecrã fazem desenrolar outras vidas nas histórias das redes sociais Invento-o a chegar à casa e a tocar na face do bebé deitado no berço e o trejeito que o petiz faz ao sentir o toque desastrado daquelas mãos, imagino a repulsa que o filho mais velho sente quando aquelas mãos cansadas lhe afagam a bochecha. Imagino a esposa, também ela cansada, a dizer-lhe "não faças isso ao menino que ele não gosta" Imagino-o a recostar-se no sofá puido e a cerrar os olhos na esperanca improvável que, um dia, os filhos gostem das suas mãos.

Heróis do Mar

 Tive ontem conhecimento que um tal de Cláudio, que, o ano passado, em companhia de mais dois fuzileiros, agrediram e mataram a soco e pontapé um policia à paisana à porta de uma discoteca, irá apresentará como elemento de defesa em tribunal, que a vítima já estaria ferida de morte quando a tentou agredir. Apesar de ter lido esta notícia logo pela manhã, confesso que 24 horas depois ainda estou a tentar digerir este tipo de argumento e que, caso raro, me faltam as palavras para dizer o que sinto a este respeito.  Será possível existir neste mundo alguém com tanta falta de remorsos que lhe permita alegar em sua defesa que, quando tentou pontapear na cabeça a vítima, já esta agonizava no chão ferida de morte? Pretende com isto dizer exactamente o quê? Que era indiferente se a pontapeasse ou não porque iria morrer na mesma e portanto os seus pontapés foram meramente circunstanciais? Que aqueles pontapés foram irrelevantes? Merece por esse motivo a simpatia do juiz ou mesmo a abso...

A política da avestruz

 É, talvez, ainda muito cedo para dizer com toda a certeza se os assassinatos no Centro Ismaili podem ser considerados um acto de terrorismo ou apenas um acto isolado e sem qualquer motivação política ou religiosa praticado por um elemento daquela comunidade. Todavia uma coisa é certa, o dia de hoje, o dia de amanhã e os dias futuros jamais voltarão a ser iguais aos dias de ontem e de anteontem. Portugal entrou numa nova era: A era do terrorismo ou do quase terrorismo porque, independentemente das motivações ou falta delas do criminoso, o modus operandi é facilmente reconhecível em inúmeras situações por essa Europa fora. Uma faca de cozinha, um veículo ou um engenho explosivo e o terror e a insegurança estão lançados. De outra coisa que poderemos ter a certeza, é que o Governo, os políticos em geral e a comunicação social, coadjuvados por uma série de especialistas de quem nunca se ouviu falar, ou pior, especialistas a que já nos vamos habituando ouvir falar, virão de imediato neg...

Uma questão de pilas

 Depois de Enid Blyton, a censura da geração Soflan chegou aos livros de Agatha Christie de onde vão ser retiradas todas as expressões que sejam consideradas “datadas” e, como tal, potencialmente ofensivas para os olhos dos leitores. Olhando para trás e para as obras de Agatha Cristie - e li-as todas – não me recordo nem de uma única palavras que me tenha ofendido, a não ser, claro está, a estúpida mania que a senhora tinha de levar os leitores a pensar que sabiam quem era o criminoso até serem confrontados na última página com a verdade e que quem tinha cometido o crime não era a herdeira ambiciosa, mas sim o jarrão de flores que estava no corredor a fingir-se de inocente a olhar para um quadro de Botticelli, mas cuja culpa não tinha escapado ao olhar arguto de Miss Marple ou das celulazinhas cinzentas de Poirot.  Mas os inquisidores lá irão encontrar palavras tão ofensivas como “bisbilhotice” e as penas de morte dos criminosos irão ser comutadas e transformadas em trabalhos ...

Censura às nossas Memórias

 Ainda mal recuperado do estado catatónico em que havia mergulhado há uns anos quando mudaram o nome da Anita para Martine, esta semana sou atingido por outra notícia que vem abalar de forma irreversível a minha já fragilizada saúde menta: A notícia que os livros da Enid Blyton constavam de uma famigerada lista de livros impuros a que as crianças de mente frágil e sã não deviam ser acesso. E, à falta de uma Bücherverbrennung ao melhor estilo nazi, estão a ser discretamente remetidos para obscuras e inacessíveis prateleiras, ficando apenas à disposição dos infantes novas versões reescritas por pessoas mais sensíveis que a D. Enid e que não utilizem palavras e expressões tão datadas e tão potencialmente ofensivas como “cala a boca” , “não sejas idiota” “Gordo” ou “castanha”, quando este último termo se refere à cor da pele de um pescador, e que tanto parecem ferir a susceptibilidade dos coninhas moles e, mais tarde, podem mesmo levar as crianças que os lêem a entrar numa loja e desat...

Voz aos imigrantes

 Logo pela manhã tive o prazer de ouvir a primeira figura de Estado a debitar mais uma das patetices a que infelizmente já nos fomos habituando. Dizia a proeminente figura que é necessário e premente atrair mais jovens para a política.  Palermice trazer jovens para a política? Não! A palermice veio logo de seguida quando ele, com o entusiasmo que uma câmara de televisão, um microfone ou mesmo um gelado Corneto lhe provocam, continuou: “… e imigrantes. Portugal precisa de imigrantes na política, já repararam que Portugal com tantos imigrantes tem tão poucos representante na política?”.  Felizmente, nesta altura ou lhe cortaram a emissão ou lhe caiu a dentadura ao chão e o resto das suas ideias brilhantes ficou a amadurecer para uma próxima entrevista. Todavia a lebre estava levantada e, enquanto acabava uma valente fatia de pão alentejano com manteiga, dei por mim, muito intrigado, a pensar. “E coelhinhas da Playboy? Também há muito poucas na política, ou mesmo nenhumas se...