Lisboa Viva
Hoje foi dia daquela sempre grata tarefa de ir renovar o cartão da Lisboa Viva, ou o Cartão do Passe, como nós, que com ele convivemos há muitos anos, familiarmente o designamos.
Isto porque o meu cartão de passe cuja vida útil se situa nos seis anos e qualquer coisa resolveu a meio da sua vida que não queria continuar a viajar mais de Metropolitano e apeou-se no fim de uma viagem e em plena Gare do Oriente formou uma fila de mais de 1 km atrás de mim enquanto eu esfregava o chip no sensor sem qualquer sucesso.
Solicitado o apoio técnico a uma menina de óculos que estava no guichet, fui recebedor de uma série de conselhos sobre a correcta utilização do cartão entre as quais se incluía dobrar o cartão contra a máquina fazendo círculos no sentido dos ponteiros do relógio ou, mais estranho ainda, colocar o dedo indicador sobre o chip dobrando-o ligeiramente para trás antes de o deixar cair com um pequeno estalido sobre a máquina.
Por estranho que pareça, estes truques que estavam guardados nos segredos dos deuses, pareceram surtir efeito. Durante alguns dias entrei no metro sem que a fila atrás de mim se estendesse até à estação de Cabo Ruivo, mas ontem voltou tudo ao mesmo e hoje lá fui eu à gaveta buscar uma fotografia de quando eu ainda tinha muito cabelo e vai de preencher o papelinho cheio de quadrículas com o NIF, o n.º do cartão de cidadão, datas de nascimento, nome e outras tretas até me deter num ponto: “Nome no Cartão”
Nome no cartão, nome no cartão… hesitei entre colocar Zé Lamejinha, ou António do Refogado, serviam uma vez que ambos têm menos de vinte e uma letras que era o único requisito essencial. Mas como o bom senso acabou por prevalecer, acabei por escolher Monteiro Pereira que, por coincidência, são os meus dois últimos nomes e entreguei o papel à menina do guichet para que ela pudesse conferir.
Entretanto e para fazer conversa, perguntei o que é que poderia ter corrido mal para o cartão, no auge da sua vida, ter dado o último suspiro nas minhas mãos.
“isso depende muito da utilização”, respondeu sem tirar os olhos do impresso. Ahhh depende da utilização, então, uma vez que não frito batatas nem peixe com ele, deduzo que se calhar não o podemos passar no sensor das máquinas que é o que normalmente faço. Fica registado vou tentar evitar da próxima vez sujeitar o cartão a este esforço.
“Isto não pode ser!” interrompe de repente a menina os meus pensamentos. “O seu nome no cartão não pode ser este!”
Não pode? - perguntei. Não pode porquê?
“Porque não pode! Não pode ser os dois últimos nomes! Tem de ser o primeiro e último nome! O seu primeiro nome é Carlos e o último Pereira. Tem de ser Carlos Pereira!”.
Desculpe, menina. Então porque perguntam que nome quero no cartão?
“Deixe-se disso e dê cá sete euros!”
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