Carris Metropolitana
Viajar nas
carreiras da Carris Metropolitana é sempre uma aventura digna dos melhores
tempos de Livingstone, Stanley, Ivens e
Capelo nas suas memoráveis travessias do
continente africano que se Sá ia sempre onde se
iniciavam mas nunca se sabiam onde iam terminar,
Hoje, ao
tentar a temida travessia do Cais do Seixalinho até à Atalaia, dirigir-me em
primeira instância a um autocarro identificado com o número 4504 e os dizeres
Passil (Atalaia).
Após esperar
cerca de 7 minutos pelo motorista, neste caso um elemento do sexo feminino ou
algo parecido, que até ali estava em parte incerta, fomos por ela informados
que o 4504 que ia para a Atalaia, não ia para a Atalaia, pelo que devíamos
dirigirmo-nos ao cais que estava a dois lugares ao lado e tomar o autocarro
4502 que dizia Alcochete
Convencidos
que Alcochete em língua Aramaica ou noutra qualquer língua morta, queria dizer
Atalaia, lá fomos nós em fila indiana para o cais seguinte.
Pezinho no
degrau para subir ao estribo e logo o motorista com um ar cheio de certezas nos
deteve com um “penso que os senhores estão enganados, este carro vai para
ALCOCHETE”. Por segundos senti-me como a Vivian se terá certamente sentido no
filme Pretty Woman , quando é posta fora daquela loja da Rodeo Drive com um
“you are obviously in the wrong place”…. ou coisa que o valha.
“Os senhores
devem tomar aquele autocarro” explicou, o que o tornou mais simpático que a
empertigada da rodeo Drive. “Mas, foi a motorista daquele autocarro que nos
mandou para aqui”, retorquiu uma senhora de mau ar que estava atrás de mim.
“ A colega
está enganada. É aquele o autocarro!”
Marcha
atrás, pé no estribo do primeiro autocarro e a motorista a dizer “Este
autocarro não vai para a Atalaia!”. “Mas, o seu colega disse…”
“Não vai
para a Atalaia! Acabei de trocar de viatura!E vou para Sarillhos Grandes”Olhei
em volta e como a única viatura que por ali se encontrava era uma bicicleta
ferrugenta presumi que a criatura tinha vindo a pedalar desde o Montijo e daí a
má disposição”
“Oica lá”,
disse a senhora de mais fígados que estava atrás de mim, “ se o autocarro não
vai para Atalaia, porque é que diz Atalaia?”
“Porque os
senhores estão me a incomodar e não me deixam fazer o meu trabalho!”
E vai de
colocar o número 4508 - Sarilhos Grandes.
“Alguém vai
para o Montijo? Posso deixá-los no Terminal Rodoviário”
Como do
Terminal Rodoviário a minha casa num dia ameno dista 6 km e num dia de sol
abrasador alguns 32 km, agradeci e declinei o convite.
“E a
camionete da Atalaia?”. Perguntou alguém.
“Há-de vir
aí!”. E vai de arrancar para Sarilhos sem ninguém no autocarro.
Vinte minutos depois lá aparece a toda a brida a carreira 4501 - Montijo (Terminal Rodoviário) que na realidade não é a 4501 - Montijo (Terminal Rodoviário), mas a 4504 - Passil (Atalaia) que finalmente nos irá pôr em casa a tempo do jantar
Comentários
Enviar um comentário