Uma questão de pilas

 Depois de Enid Blyton, a censura da geração Soflan chegou aos livros de Agatha Christie de onde vão ser retiradas todas as expressões que sejam consideradas “datadas” e, como tal, potencialmente ofensivas para os olhos dos leitores. Olhando para trás e para as obras de Agatha Cristie - e li-as todas – não me recordo nem de uma única palavras que me tenha ofendido, a não ser, claro está, a estúpida mania que a senhora tinha de levar os leitores a pensar que sabiam quem era o criminoso até serem confrontados na última página com a verdade e que quem tinha cometido o crime não era a herdeira ambiciosa, mas sim o jarrão de flores que estava no corredor a fingir-se de inocente a olhar para um quadro de Botticelli, mas cuja culpa não tinha escapado ao olhar arguto de Miss Marple ou das celulazinhas cinzentas de Poirot. 

Mas os inquisidores lá irão encontrar palavras tão ofensivas como “bisbilhotice” e as penas de morte dos criminosos irão ser comutadas e transformadas em trabalhos forçados em centros comunitários a fazer croché ou renda de bilros 

Mas sobre isto ou quase isto, já falei no meu ultimo post e hoje o tema que me traz aqui são pilas, mais concretamente a pila de David. É verdade! A pila de David! 

A pila de David que à semelhança da pila de John Holmes, mas obviamente por outras razões, tem dividido as opiniões naquele que é o país com a maior taxa de gente informada do Mundo: OS EUA! (para aferir o alto grau de educação e distinção recomendo a visualização do programa de entretenimento, Dr. Pol, actualmente em exibição no canal National Geographic ou, no Youtube, os programas Honney Boo Boo ou Alaskian Bush People).

Pois é, na Florida, mais concretamente na Tallahassee Classical School, os pais de um futuro imbecil, denunciaram uma professora por ter exposto o seu rebento a pornografia numa aula de arte renascentista, mais concretamente à visualização de uma fotografia da estátua de David, retirada da pedra por Michelangelo à força de martelo e escopro.

Mas não só, a professora teve ainda o desplante de incluir na pretensa aula de arte a pintura "Criação de Adão", que o porco do Miguel teve o desplante máximo de pintar no tecto de uma obscura e pouco conhecida capela no Vaticano, e o quadro de Botticelli, "Nascimento de Vênus", que representa uma gaja, ainda por cima pouco interessante de formas e com os pés inchados, a sair de dentro de uma amêijoa. Uma autentica pouca-vergonha!

Mas se a notícia ficasse por aqui não era muito mau porque ignorantes há-os em todo o Mundo e muito proficuamente na dita “América”, o pior é a direcção da escola, que se presume no seu conjunto reunir um discernimento  um pouco superior ao de um Louva-a-Deus, ter incentivado e aceite a demissão da professora prevaricadora, dando assim razão a estes puritanos procriadores de novos estado-unidenses.

Embora a história remonte a Dezembro de 2022, atravessamos agora o oceano e caímos noutro país anglófono que, pela sua história, tradição e cultura poder-se-ia concluir que eram um pouco menos dados a estas coisas de politicamente correcto mas, naturalmente porque estão expostos aos ventos predominantes de uma Europa vanguardista, redefiniram no dicionário de Cambridge a definição de mulher que passou de  “um ser humano feminino adulto” para “um adulto que vive e se identifica como mulher, embora possam ter lhe dito que tinha um sexo diferente quando nasceu”.

“um adulto que vive e se identifica como uma mulher” um adulto que vive como uma mulher? Logo à partida soa-me a sexismo O que é que isto quer dizer? Que pára horas diante de lojas de pronto-a-vestir? que diz que futebol são 11 homens a correr atrás de uma bola? Numa época em que se quer uniformizar direitos e comportamentos, fala-se aqui em viver como uma mulher?

“Embora lhe possam ter dito que tinha um sexo diferente quando nasceu”, o que é que isto quer dizer? Que existiu um departamento de contra-informação na família com a tarefa de lhe transmitir informações falsas sobre o seu sexo desde criança? Ou apenas lhe disseram que tinha pila porque de facto tinha pila?

Um gajo que tenha nascido gajo há-de sempre ser gajo e uma gaja que tenha nascido gaja há-de sempre ser gaja por muitas birras e finca pé que faça.

Um amigo meu de barba ou um perfeito desconhecido pode chegar ao pé de mim e dizer que se sente mulher e que prefere que eu a chame Diana. Não tem problema, se ele se sente feliz assim chamo-lhe Diana e, sempre que me lembrar, passo a utilizar os pronomes femininos quando me dirijo a ela. Mas tanto eu como ele sabemos que continua a ser um homem por muito que se sinta mulher, uma pessoa não passa a mulher por decreto nem por definição num dicionário. 

E se eu for ao Harrod’s e colocar uma caixinha de caviar no cesto e na altura do pagamento alegar que o caviar me confessou que embora se tinha formado dentro de um esturjão sempre se sentiu puré de batata? Também pode entrar no cabaz de IVA 0% do Costa? Ora bolas, senhores haja algum juízo!. 


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