El Rei do Pineal

 Pelas piores razões, fui hoje e certamente foi-o também a maioria dos portugueses, apresentado ao Reino Pineal, uma seita que se auto define como “espiritual” e que, com pleno conhecimento das autoridades portuguesas, se estabeleceu numa Quinta particular lá para os lados de Coimbra e, à laia da seita organizada por Charles Manson há uns anos atrás na Califórnia, decidiu viver à margem das Leis do país que os acolhe e reger-se segundo as regras ditadas pelo seu líder, um iluminado ex-chef de cozinha inglês que um dia decidiu deixar os tachos e as panelas para se dedicar a servir de ponte entre meia centena de acólitos e uma vida de adoração às beldroegas.

Mas como nem só de espiritualidade vive o homem e muito menos os déspotas, também é intenção do líder do grupelho, eventualmente inspirado por uma visita ao Portugal dos Pequeninos que ele julga ser o Reino dos Hobbits, tornar a quinta onde vivem num estado independente, livre da opressão das regras da sociedade e onde, aqui permito-me apenas especular, esteja já de antemão previamente eleito o manda-chuva local sem precisar de quaisquer tipo de auscultação eleitoral.

Como todos os caminhos, longos ou curtos, se iniciam com um simples passo, as autoridades de Pineal, que eu adivinho estar circunscrita a um ex-cozinheiro, já emitiram inclusivamente um passaporte que dá cidadania Pineliana aos seus  cidadãos lhes permite circular livremente dentro do seu Reino e ostentarem orgulhosamente o título de Pinealianos.

E tudo isto completamente às claras e sob a complacência das autoridades do Reino dos Bananas. O Rei Banana, muito ocupado a amnistiar infractores e a dar tolerâncias de ponto à Função Pública, até deve achar graça à iniciativa por revelar a plena integração e a livre iniciativa de pessoas que escolheram o nosso país para viver. E o que noutros países motivaria uma intervenção de forças policiais ou militares para expulsar aquela pandilha e fazer ao Rei dos Frangos o que os seus conterrâneos fizeram aos argentinos quando estes tiveram a veleidade de querer reclamar as Malvinas para eles, aqui a situação é tratada de ânimo leve como se fosse apenas uma brincadeira inofensiva, tal como o são os arrastões nas praias e as guerras de gangs que a comunicação social transforma em “mera confusão de quem assistiu ap episódio” ou “arrufos entre jovens”, como tão bem a SIC descreveu o último desacato entre dois gangs num centro comercial da Amadora do qual resultou um ferido por um disparo.

Infelizmente, o caso que traz à ribalta e ao conhecimento do comum dos portugueses a história dos pretensos Pinealianos, foi a divulgação da morte de um bebé de 14 meses, em Abril de 2022, cuja mãe, um membro da comunidade de acéfalos, não quis ser acompanhada por médicos durante a gravidez e prescindiu de ter assistência médica no parto, optando pelas técnicas ancestrais utilizadas em África, que todos sabemos terem resultados mais que comprovados pela reduzidíssima taxa de mortalidade infantil que sempre ocorreu aquele continente, e em que o cozinheiro será versado uma vez que já assistiu a muitos em África, palavras dele. 

Ia dizer a seguir que é prematuro afirmar que a morte podia ter sido evitada se também não tivessem negado ao bebé o acesso aos cuidados primários de saúde, mas não o posso dizer, porque a pandilha resolveu por moto próprio e sem dar cavaco a ninguém, cremar o corpo do bebé e deitar as cinzas ao rio Mondego. Assunto arrumado!

A causa da morte, segundo o cozinheiro, foi problemas no fígado mas que não podia adiantar mais nada sem o consentimento da família.

Podes, meu cabrão, podes. Podes, nem que seja à força de uma vara de marmeleiro nesse lombo ou então e agarrando na tua sugestão, utilizando as técnicas ancestrais das tribos de África, de que pareces tanto gostar, e que sempre tiveram o condão de soltar as línguas mais relutantes.

António Costa demora a compreender o que se está a passar neste país sem rei nem roque, onde cada um que aqui desembarca parece vir provido de carta branca para poder implementar os seus costumes mesmo que colidam com a Lei portuguesa, porque isso é encarado como um sinal de tolerância e abertura dos portugueses ao multiculturalismo e as tentativas para acabar com eles são débeis ou não existem de todo.

E os exemplos são muitos e gritantes, basta visitar o Centro Comercial Mouraria e verificar onde se aplicam as regras que são obrigatoriamente implementadas noutros Centros Comerciais, as caixas de mercadorias que não cabem nas lojas acumulam-se nos corredores e servem de mesas de refeição aos lojistas. Quantas lojas têm Serviços de Segurança e Saúde no Trabalho ou Medidas de Autoprotecção exigidas em todas as áreas comerciais?

Multiculturalismo não é isto. 

António Costa está perdido, não consegue agir nem sequer reagir, deixa correr. O Presidente da República faz aquilo em que é bom, sorrir. Sorrir muito e dizer aos portugueses que está tudo bem.

Mas não está, senhor Presidente, não está 


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