Eurofestival 2023
Para pôr um ponto final sobre o assunto, vou aqui tecer as minhas últimas considerações sobre o Festival da Eurovisão que decorreu no sábado e, como tantos outros antes deste, no final, deixou um travo amargo na boca dos portugueses que esperavam um pouco melhor em termos de pontuação. Mas nem tudo foi mau. Se virmos bem as coisas atrás de nós ficaram ainda 3 países, a Sérvia e as poderosas United Kingdom e Alemanha, o que me deu muita pena. Primeiro, porque a cantora do UK era boa como o milho, mas mesmo boa, nada como aquelas merdosas estereotipadas às piruetas que vêm do Azerbaijão, Lituanias países assim, esta era mesmo boa e bem apresentada, pelo que merecia um lugar de destaque, ou no pódio, ou na minha sala de estar. Em segundo, porque também queria que a Alemanha ganhasse… aqui apenas por uma questão de solidariedade para com a mãe daquele senhor que foi cantar naqueles preparos “Ó filho, então tu foste assim vestido para aquele lugar? Não tinhas uma roupa decente lá em casa? Olha aquele pullover que o teu pai te ofereceu pelo Natal e que te fica tão bem”, “Mas ó mãe, ganhei o concurso”. E assim a pobre senhora lá tinha um consolo. Mal vestidinho é certo, mas tinha ganho uma bugiganga para por no aparador. Agora ver o filho naquela figura e ainda por cima ficar em último lugar é demais para qualquer mãe.
Voltando à nossa Mimicat, que teve uma das melhores prestações de todo o evento, a sua classificação só veio demonstrar que a Europa que já foi o Centro da Cultura Mundial, onde nasceu a civilização grega, a civilização romana e o Benfica, está agora refém de uma geração de Tiktokers que percebem tanto de música como eu de azulejos renascentistas. Os jurados que antigamente eram formados por pessoas ligados à música e davam um aspecto sério à coisa, é agora é formados por pessoas de um ridículo absuluto que aproveitam os poucos minutos de antena que lhe são concedido para fazer figuras de parvos e envergonharem as suas nações. Sim, porque agora acabou-se o tradicional Sweden five points, Suede cinc points, e agora passou-se directamente aos doze pontos para não se perder tempo e dar oportunidade a artistas de meia tigela e meia idade de irem demonstrar que não perderam as qualidades que nunca tiveram.
Engraçado, engraçado foi ver o júri do Chipre muito embaraçado sem saber a quem atribuir os 12 pontos porque desta vez a Grécia não foi apurada para a final. Twelve points goes to... twelve points gos to...Aquilo não se faz.
Mas estou inclinado a pensar que a má classificação da Mimicat também se deve ao título da canção Ai, Coração, foi traduzido para inglês para Oh, Heart.
Oh, heart? Para ser sincero, eu também não votava numa canção com este nome.
Passando á canção vencedora, ou será melhor dizer canções vencedoras? É que aquilo era o plágio não de uma, mas de três canções interpretadas ao mesmo tempo por uma senhora que era assim também uma espécie de plágio de um Cro Magnon e de uma Tina Turner, a pior versão de cada uma destas figuras, às quais acrescentou umas unhas do tipo Edward Scisors Hands de meter medo e daí a explicação do corte de cabelo e dos rasgões na fatiota.
Deste ser irritou-me profundamente aquele esgar de dor que mostrava quando recebia mais 12 pontos do júri e, por mim, só para lhe evitar tanto sofrimento, dava-lhe 0 pontos. Toma, não sofras mais maltrapilha de um raio.
De resto foi o desfilar de algumas canções que primavam pela musicalidade e pela boa interpretação a serem ultrapassadas pelas macaquices do costume, Finlândia e Croácia são dois bom exemplos do zoológico ou o circo de horrores, em que se tornou o Eurofestival, tendência muito impulsionada pelas novas tecnologias que pretendem substituir a sonoridade pelo espectáculo de luz e cor. É ridículo ver um cantor cuja voz é comparada pelos comentadores, alcoolizados por certo, à Maria Callas, a bambolear-se pelo palco a tentar fazer ouvir a sua mísera voz no meio de um festival luzes, fumos e videos.
Por fim resta-me falar dos apresentadores, não, não vou falar daquela loira de dois metros de altura que parecia um chupa-chupa gigante a fazer caretas e a mostrar os dentes, mas dos comentadores portugueses que estiveram quatro horas inteirinhas a dizer baboseiras sem mostrar o mínimo sinal de cansaço, “olha 2 pontos para Portugal, espectacular”, “12 pontos para quem? Para a Suécia, espectacular!”, “olha, bandeiras portuguesas, espectacular”, se calhar não informaram aqueles dois senhores que a televisão disponibiliza som e imagem aos espectadores e, como tal, conseguimos ver e ouvir exactamente o que eles também estão a ver. Gastar por gastar, certamente por menos dinheiro metia lá a minha sogra a comentar e fazia o mesmo ou melhor serviço, pois comentava até os anúncios do intervalo sem levar mais por isso. É por isso que cada vez que vejo um novo Festival não consigo deixar de pensar: Volta Eládio Clímaco que estás perdoado.
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