Heróis do Mar

 Tive ontem conhecimento que um tal de Cláudio, que, o ano passado, em companhia de mais dois fuzileiros, agrediram e mataram a soco e pontapé um policia à paisana à porta de uma discoteca, irá apresentará como elemento de defesa em tribunal, que a vítima já estaria ferida de morte quando a tentou agredir.

Apesar de ter lido esta notícia logo pela manhã, confesso que 24 horas depois ainda estou a tentar digerir este tipo de argumento e que, caso raro, me faltam as palavras para dizer o que sinto a este respeito. 

Será possível existir neste mundo alguém com tanta falta de remorsos que lhe permita alegar em sua defesa que, quando tentou pontapear na cabeça a vítima, já esta agonizava no chão ferida de morte? Pretende com isto dizer exactamente o quê? Que era indiferente se a pontapeasse ou não porque iria morrer na mesma e portanto os seus pontapés foram meramente circunstanciais? Que aqueles pontapés foram irrelevantes? Merece por esse motivo a simpatia do juiz ou mesmo a absolvição?

Recordo, três broncos, três, pertencentes a uma tropa de elite e, segundo se diz, lutadores de boxe ou de MMA nas horas vagas, cuja única competência que se lhes reconhece na vida é matar e incapacitar pessoas, fizeram a um jovem de 26 anos a única coisa em que são bons: infligir dor em alguém. Desta vez muito para além do que a situação exigia. 

Preocupa-me pensar que são estas as forças de elite que treinamos para actuar em conflitos de guerra perante populações fracas e indefesas. 

Os assassinatos, as violações físicas de mulheres e crianças, os atropelos à Convenção de Genebra e aos direitos humanos que foram cometidas durante o conflito da Bósnia, parecem-me agora ser a regra e não a excepção num mundo que teima em não aprender com os erros e excessos cometidos no passado.

Dois deles, Vadym Hrynko, Cláudio Coimbra, estão em julgamento e um terceiro, Clóvis Abreu, o “rei do Montijo” encontra-se a monte, como conseguem andar sempre os indivíduos da realeza do Montijo quando roubam ou matam alguém. Desaparecem, evaporam-se protegidos por grupos e famílias de intocáveis. 

Dado que o Julgamento só agora começou desconhece-se ainda qual a pena que lhes será aplicada pelo juiz, que certamente irá atender a todos os atenuantes que lhe forem apresentados pela defesa, a legítima defesa, a não premeditação, o acidente, mas seja ela qual for, será sempre demasiado leve. Dez anos? 25 anos? Não chega! Seres destes não merecem voltar a estar em liberdade. Seres destes não merecem sequer estar numa prisão


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