25 de Abril, sempre... mas sejam rápidos que eu tenho de me ir deitar
Eu não sei a vossa opinião sobre o 25 de Abril mas, a meu ver, aquilo pareceu-me uma coisa muito mal enjorcada.
Não cabe na cabeça de ninguém que uma revolução para por termo a uma ditadura de 40 anos, comece à meia-noite de um dia e no dia seguinte, menos de 24 horas passadas, já esteja tudo resolvido com a rendição do Governo.
Ainda por cima foi tudo mal combinado, pois quando o Salgueiro Maia foi ao quartel do Carmo fazer de mau e exigir a rendição do Marcello (com dois ll) este respondeu-lhe com toda a tranquilidade que se pode exigir numa situação destas: “olha, filho, tarde piaste. Já me rendi ao Spínola ainda há bocado. Podias ter avisado que vinhas.”, o que deve ter aborrecido imenso o homem pois ia ali todo entusiasmado a pensar que tinha tido a ideia primeiro e pimba! O velhadas tinha-se adiantado! Uma autêntica confusão!
Na minha opinião uma revolução que se preze dura pelo menos 3 ou 4 dias, para dar tempo a que as coisas sejam feitas como deve ser e para que todos os envolvidos tenham direito ao seu quinhão de gritos de “rende-te”, “camone” e “mãos ao ar”.
Assim muitos foram os soldados que chegaram a Lisboa carregados de malas para se revoltar e aquilo já tinha acabado. “Já? Então vem um gajo de Vila Pouca de Aguiar com um calor do caraças e isto já acabou? E eu com tanta coisa para fazer lá em cima… ó Florindo, chega-te aqui, estão a dizer que isto já acabou! Sim, às 19:30h, perdemos o final por menos de uma hora… pois, não nos avisaram que acabava tão cedo se não nem sequer tínhamos vindo… pensávamos que era para durar toda a noite… ao menos podemos dar um tiro antes de ir apanhar a carreira para cima?””
Náaa, não me convence uma revolução assim. Numa revolução as pessoas têm que se zangar umas com as outras e correrem agachadas com espingardas na mão e isso tudo leva o seu tempo. Grosso modo faz-me lembrar os jantares que dávamos em minha casa quando era miúdo. O meu pai era um excelente anfitrião… até as nove da noite. A partir daí levantava-se da mesa e com ar solena dizia: “Bom, já comeram e já beberam agora cada um vai para a sua casinha que eu vou para a cama. Boa noite!
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