Os Bancos em tempo de crise
Foi ontem notícia que, em 2022, a margem financeira da banca portuguesa foi de 142%, destacando-se da média dos bancos europeus onde a média foi de 15%. Destes números traduz-se um aumento dos lucros da banca em 72% face ao ano anterior e proporcionou um aumento médio de 20% nos vencimentos dos gestores de topo.
De imediato perguntei-me como é possível atingirem-se estes números recorde quando passámos de taxas de juro negativas para máximos dos últimos 20 anos. Ainda por cima em entidades que, muitas delas, foram há pouco tempo intervencionadas ou ajudadas pelo Estado, ou seja, por todos nós. Passados 2 minutos obtive a resposta quando consultei o meu extrato bancário e vi debitados 6,90 € de comissão de manutenção de conta mais 0,29 € de imposto para o Estado
A falta de vergonha e o roubo institucionalizado tomaram conta do nosso país e parece que ninguém tem mão neles
Já hoje, Vítor Bento, presidente da Associação Portuguesa de Bancos, e pelos vistos em discordância com a minha opinião, deu uma entrevista onde referiu que os Bancos não estão afazer nenhuma maldade às pessoas, o aumento das taxas de juros é apenas o mercado a funcionar e caberá aos clientes regular esse mercado, procurando a instituição bancária que lhes ofereça melhores condições.
Sobre este assunto, gostaria de colocar questões a este senhor:
Primeira, gostaria de ouvir a opinião dele ou de quem ocupava o seu lugar na altura, sobre a intervenção do Estado português nos bancos quando estes estavam em risco de insolvência ou de incumprimento. Devia-se deixar o mercado funcionar e deixar cair os bancos que apresentavam fragilidades e risco de insolvência, ou neste caso justificou-se a substituição da mão invisível de Adam Smith pela mão invisível do contribuinte português?
A outra pergunta prende-se com a hipotética regulação do mercado pelos clientes. Conhecerá este senhor um fenómeno chamado cartelização que tem permitido a seguradoras, gasolineiras, empresas de telecomunicações, moagens e grandes superfícies combinarem preços de venda? Considerará ele que os Bancos, entidades impolutas, estariam isentos desta tentação de concertação de juros ou comissões bancárias? Ou pensará, à semelhança da Autoridade da Concorrência, que a cartelização é um mito urbano só comparável à existência de crocodilos nos esgotos de Mova Iorque?
Como desconheço as respostas que este senhor daria a estas duas questões resta-me acusá-lo de um cinismo exemplar ou de considerar a inteligência dos portugueses inferior à de uma borboleta nocturna.
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