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A Morte das Putas

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A morte de Olivia Voltaire, actriz porno, noticiada há alguns anos, foi alvo dos comentários mais vis que tive oportunidade de ler no esgoto em que se tornaram as redes sociais, com particular destaque para o Facebook  em que palavras como "mariquinhas" constituem em desrespeito aos padrões da comunidade e nao vê mal algum em alarves que se regozijam com a morte de  pessoas e muito menos se for uma puta. A mentalidade mesquinha e retardada dos intervenientes, associada à vontade de dar opinião sobre tudo mesmo quando não se tem nada para dizer e à tentativa de ser considerado espirituoso, enojaram-me até a mim que não sou muito dado a vómitos. Olivia Voltaire, foi a última de uma série de cinco actrizes porno que morreram nestes dois últimos meses o que potenciou ainda mais a galhofa pela morte das putas. Estando longe os tempos das Pornex e Paris Brest  em casa do Cascão, dei-me ao trabalho de me actualizar e fazer uma pequena pesquisa na sobre quem eram as vitimas e que...

Anatomia de Grey

 Depois de passar as últimas seis horas da minha vida a ver em sessão contínua a série Anatomia de Grey que passa na Fox e que já vai na décima segunda temporada, resolvi escrever estas linhas para registo futuro e esclarecimento dos ignorantes, como eu, que, até à data, não tinham desperdiçado um minuto da sua vida a ver esta excelente série que relata o dia-a-dia de um hospital americano do qual não tive ocasião de reter o nome. E o que se passa no dia-a-dia deste hospital que pode tornar esta série de tal interesse que mereça doze temporadas? Cirurgias arriscadas? Salvamentos in extremis? Demonstração de grande acuidade médica com diagnósticos miraculosos? Nada disso! Aquela malta anda a comer-se toda uma à outra! A doutora não sei o quê anda o comer o doutor não sei o quantos, a assistente de farmácia anda a comer o anestesista que, por sua vez anda a comer a maqueira e a encarregada pelos internamentos que à noite vai a um bar gay comer quantas gajas lhe apareçam pela frente e...

Natal dos Olivais

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  Dentes a bater e mãos afundadas nos bolsos para tentar escapar ao frio, fazemos uma roda dando costas à humidade nevoenta. Nada nos faz ficar em casa, nem o frio que nos penetra camisolas e casacos de lã até nos chegar aos corpos faltos de carne, nem o nada que fazer para além da conversa habitual e do contacto uns com os outros. - Este ano vai nevar em Lisboa. – diz o Paulinho, passando a língua pelos lábios roxos de frio. E depois concluía - os americanos disseram. Todos os anos, quando chegava o Inverno, repetia as mesmas palavras e nós olhávamos esperançados o céu como se esperássemos a todo o instante ver um floco de neve cair sobre o nosso nariz. O querer era tanto que eu e o Cascão, ano após ano, fingíamos acreditar que assim seria e que naquele ano, a neve que só víramos na televisão, iria finalmente cair em Lisboa. - Este ano vai nevar… - repetia, e afundávamos as mãos enregeladas nos bolsos. Nunca nevou. Quanto muito, por vezes, nos dias mais frios, uma geada branquinha...