Video Assistence Referee
O diâmetro médio da iris de um olho humano é de 12 mm, o fora de jogo tirado a Darwin que daria o 1 – 0 no derbi entre o Benfica e o Porto foi de 20 mm
Mais importante que a vitória do Futebol Clube do Porto no campeonato nacional de futebol 2021/2022, foi a consolidação do êxito da introdução das novas tecnologias de apoio ao juízo dos árbitros, refiro-me naturalmente ao Vídeo Assistence Referee, displicentemente referido na gíria popular do vulgar adepto e comentador desportivo, pela sigla VAR, diminutivo que faz tanto juz á importância de tão avançada tecnologia de ponta, como o diminutivo Tó ou Chico faz juz aos nomes dos António e Franciscos desta vida.
Com o apoio do Vídeo Assistence Referee tornou-se possível analisar lances capitais de uma partida de futebol e repor a verdade do jogo em lances que o árbitro respectivos auxiliares, como humanos que são, poderiam deixar passar em branco por, na altura, estarem com um olho no burro e outro no cigano, ou por outras palavras, com um olho na jogada e outro na bancada sul onde está o Macaco e o respectivo sequito de foliões a gritar-lhes para ter calma, pois mesmo que assinalem erradamente um penalti contra a sua equipa, já combinaram ir lanchar ao café dos pais deles para comer uns caracóis e confraternizarem um pouco.
Esta apurada tecnologia está tão desenvolvida e é tão precisa a detectar foras de jogo de 2 cm a 30 metros de distância, que a própria NASA já está a pensar em utilizá-la na acoplagem de foguetões a estações espaciais evitando o pequeno solavanco que os astronautas sofrem quando fazem a mesma coisa manualmente com a ajuda de um joystick, como eu já vi num filme.
O único inconveniente que eu vejo na utilização do Vídeo Assistence Referee é o transtorno que causa ao adepto que comprou o seu bilhete e está a assistir à partida no estádio, pois deixou de poder homenagear a mãe do árbitro com epítetos que evocam em agradáveis canções a sua honrosa profissão. Isto porque não sabem se a culpa é dele ou dos senhores que estão com as costas quentes a quilómetros de distância a dar palpites por telefone. Mais, segundo um ex-árbitro chamado Duarte Gomes, a culpa não será de um nem de outros, em última análise a culpa será sempre do técnico de imagem anónimo e de quem ninguém sabe o nome, interesses ou afiliação clubista, que escolhe o melhor frame para os árbitros analisarem. Ou seja, a análise do lance não depende de profissionais da arbitragem mas do Martins que faz filmes.
Mas mais importante que evidenciar estes pormenores mais técnicos que podem transformar um fora de jogo de 2 cm num dentro de jogo de meio metro, é a porta que o VAR abre para a introdução de novas tecnologias no futebol. Assim, nos próximos campeonatos iremos ver os jogadores equipados com dinamómetros digitais que calcularão automaticamente a intensidade da carga de ombro ou do toque na perna, analisando num segundo se foi suficiente para o fazer cair ou se é ronha. Os olhos serão providos de um chip autofocus para, em caso de existir uma canelada bem assente, poderem decidir se o jogador tinha os olhos postos na bola ou na perna adversário.
Para casos de indisciplina verbal, quando os jogadores se dirigem uns aos outros com impropérios potencialmente causadores de violência, um sintetizador de voz transformará as palavras desagradáveis em melódicas canções com letra e música do Emanuel “O senhor guarda, não leve a mal, o que está vendo não é só o tal e tal”… ou coisa parecida
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