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A mostrar mensagens de abril, 2025

Apagão

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  Com o apagão de ontem ficámos a saber: 1. Que a desactivação das centrais de Sines e do Pego foi uma grande ideia de António Costa; 2. Que ir para Presidente do Conselho Europeu também foi uma excelente ideia de António Costa; 3. Que basta os espanhóis levantarem um dedo que Portugal torna-se num país Subsariano, sem água, luz, comunicações, mobilidade e com acesso restrito a bens alimentares 4. Que basta os franceses levantarem um dedo que Portugal torna-se num país Subsariano, sem água, luz, comunicações, mobilidade e com acesso restrito a bens alimentares; 5. Que basta alguém com um alicate na mão que Portugal torna-se num país Subsariano, sem água, luz, comunicações, mobilidade e com acesso restrito a bens alimentares; 6. Que é nas noites mais escuras que se vêem mais estrelas; 7. Que a Protecção Civil só aparece quando chove e quando há câmaras de televisão por perto; 8. Que há vida para além do sofá; 9. Que o síndrome do papel higiénico continua latente em...

Reflexões a bordo do Carnide

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  Hoje acordei pensativo. Ou melhor, tornei-me pensativo. É o que dá uma viagem de barco de 30 minutos sem nenhum livro por perto. Não que não tenha na estante uma série de livros em fila de espera para serem lidos, mas simplesmente porque não me apetece. Eu e a leitura estamos de costas voltadas, não por estarmos zangados mas como dois bons amigos que podem fazer uma longa viagem sem trocar uma única palavra, simplesmente porque não há necessidade. Assim estou eu e os livros, e quando não tenho livros, penso, recuo no tempo e viajo. Sim porque já tenho idade suficiente para recuar no tempo e encontrar mundos diferentes do actual… ou dos actuais pois foi por aqui mesmo que os meus pensamentos derivaram. Da percepção do mundo e da interpretação que cada um de nós faz dele. Podemos dizer que há só um mundo ou existem vários? Um para cada um de nós. Cada pessoa tem um mundo e um Deus, o seu mundo e o seu Deus. Por esse motivo, as religiões que pregam o monoteísmo pregam apenas um conc...

Uma questão de linguagem

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 A propósito de uma notícia que li aqui no facebook lembrei-me de um episódio que se passou comigo há alguns anos e do qual já me tinha esquecido por completo Encontrava-me eu, na altura deste episódio, destacado nas OGMA, em Alverca, a tentar cumprir o melhor que sabia e que podia a missão de gerir o Posto Médico. Era uma realidade muito diferente da que eu estava habituado, uma população fortemente sindicalizada e avessa à abertura de serviços a entidades privadas e onde, mercê de um passado recente, ainda reinava com um comportamento por vezes quase militar onde as pessoas estavam habituadas a apresentar-se pelo número mecanográfico em vez do seu próprio nome e então logo a mim que gozava de uma experiencia militar de quatro horas inteirinhas passadas no quartel de Setúbal. Então, estaria eu talvez no primeiro quarto do meu mandato de quatro anos, quando recebi uma chamada do Parque de Saúde de Lisboa (vulgo Júlio de Matos para os que se recusam a actualizar como eu). Do outro l...

Deliciosamente sem juízo

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  Juízo! Detesto que me digam para ter juízo! Se há duas coisas que não gosto de ter é razão e... juízo! Acho que as pessoas ajuizadas e sempre cheias de razão são um tédio e têm como único objectivo neste mundo aborrecer de morte as outras pessoas! Sempre muito ponderadas, sempre muito cautelosas, sempre muito medrosas. Só para se certificarem que terão razão em tudo o que disserem ou farão, são incapazes de tomar uma decisão por impulso, dizer sim só porque sim e não porque, só após uma análise cuidadosa do problema a consciência as aconselhou finalmente a dizer sim. Fazem da vida um jogo de xadrez onde tudo se resume a estratégia e a movimentos ponderados de causa e consequência. Poderão vir a ser bem sucedidos na vida mas nunca terão momentos de maravilhosa genialidade. Com os olhos postos no chão, nunca tropeçarão é verdade, mas também nunca verão a cor do céu. A vida, felizmente, não tem livro de instruções e dá-nos a chance de errar e de aprender com os nossos erros. Quem nã...

Vidas

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  Enrolada no tapete da sala D. Charlotte Theodora Maria Ceguinha dorme a sono solto, nem dá por mim quando lhe aproximo um dedo do nariz, ou melhor, dá porque vejo as narinas a sorver o ar e os bigodes tremelicar à procura de qualquer coisa porque valha a pena abrir os olhos. Não encontra e permanece impávida e serena se queixo para cima mostrando a pequena malha branca que lhe tinge o pescoço. Dou voz ao meus pensamentos “o dia de hoje igual ao dia de ontem e igual ao dia de amanhã” e depois, só para mim, penso que não há vida melhor e que já merecia eu próprio uma vida assim: sem objectivos, sem preocupações, sem ambições. Apenas viver. Junto à rotunda da BP, uma pequena mancha branca agita no ar a cauda e as patas que já não o vão levar a lado nenhum, o resto do corpo está imóvel. Terá três meses quanto muito e há um minuto atrás estaria convencido que o seu dia de hoje seria igual ao dia de ontem e igual ao dia de amanhã. Contorno-o com o carro e vejo-lhe os olhos azuis esgaze...

O amigo Clovis

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12 de Abril de 2023  "Tive ontem conhecimento que um tal de Cláudio, que, o ano passado, em companhia de mais dois fuzileiros, agrediram e mataram a soco e pontapé um policia à paisana à porta de uma discoteca, irá apresentará como elemento de defesa em tribunal, que a vítima já estaria ferida de morte quando a tentou agredir. Apesar de ter lido esta notícia logo pela manhã, confesso que 24 horas depois ainda estou a tentar digerir este tipo de argumento e que, caso raro, me faltam as palavras para dizer o que sinto a este respeito.  Será possível existir neste mundo alguém com tanta falta de remorsos que lhe permita alegar em sua defesa que, quando tentou pontapear na cabeça a vítima, já esta agonizava no chão ferida de morte? Pretende com isto dizer exactamente o quê? Que era indiferente se a pontapeasse ou não porque iria morrer na mesma e portanto os seus pontapés foram meramente circunstanciais? Que aqueles pontapés foram irrelevantes? Merece por esse motivo a simpatia do...

Sr. Soares

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  Há uns dias atrás, em conversa Facebookiana com uma amiga, disse-lhe que, ao contrário dela não privava com ninguém famoso... esquecia-me, na altura, de Eduardo Soares, para mim sempre o Senhor Soares. Figura carismática por quem eu nutria grande amizade, partilhámos em conjunto e sem ciúme um mesmo amor, o Glorioso!  Recordo as nossas sempre curtas conversas benfiquistas onde ele, com o eterno lenço a espreitar-lhe pelo bolso do peito do paletó e apoiado nos seus inúmeros recortes de jornal, me provava sempre por A+B que o Benfica tinha sido malevolamente extorquido de mais uma vitória no campeonato nacional. A última vez que o vi, em meados de Março, achara-o, débil e enfraquecido. Contara-me que a família já não o deixava vir a Lisboa com receio. já quase não me mostrou os seus recortes Com grande mágoa, soube hoje que o Senhor Soares tinha partido no dia 6 de Abril, para defender as redes de outro campeonato e sem sequer ter oportunidade de ver o seu querido clube arreca...

Se eu fosse tu

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 No autocarro 36 viaja todos os dias comigo, excepto quando eu ou elas não vamos, um trio de loiras fingidas, ai na casa dos quarentas e bastantes, que consideram que o autocarro é o melhor local para tratar das suas vidas. Duas delas ,muito activas e despichadas (não, não me enganei, não é despachadas é despichadas mesmos) elejeram como objectivo principal da sua vida, despichar a terceira e, durante a viagem, lá lhe vão dando todos maus conselhos que conseguem desde o Cais do Sodré à Avenida. “Mas porque é que não o deixas a falar sozinho?”, pergunta uma. “Mas porque é que não te separas?”, pergunta a segunda. E a terceira com um ar abatido lá se vai defendendo como pode com uns “Não sei” ou uns “sei lá”. E as despichadas insistem: “Eu se fossa ti...”  Mas não são ti e a rapariga, triste, não sabe o que fazer. “Se fosse comigo já estava com dono”, diz a mais insistente. “olha, o meu foi logo… e estou muito feliz assim sem chatices nem preocupações. Antigamente era chegar a c...

Daniela, a Intrépida

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 Venho aqui fazer homenagem ao programa da manhã do José Candeias. Sem ele, metade das minhas crónicas acéfalas nunca abandonaria a minha mente e, mais tarde ou mais cedo, acabariam por me fazer envenenar o sangue ou explodir como uma panela de pressão.   Num dia destes, a entrevistada foi uma Daniela qualquer coisa que já detém vários recordes no Guiness, entre eles o feito de ter sido a primeira mulher  portuguesa a subir ao Evereste e por já ter tentado atravessar o Canal da Mancha a nado, só sendo detida o mau tempo que na altura se fazia sentir e que agora trabalha numa ONG qualquer, a fazer não sei o quê a umas crianças quaisquer do Continente Africano.  Pois bem, caso  Sr José Candeias não saiba, também eu já atravessei três Continentes a pé e sem qualquer ajuda ou patrocínio que não fosse a minha própria carteira. Mais, estou a planear já para o Verão atravessar o Continente de Vila Nova de Gaia só de sandálias e calções bermudas.  Quanto à tra...