Anatomia de Grey

 Depois de passar as últimas seis horas da minha vida a ver em sessão contínua a série Anatomia de Grey que passa na Fox e que já vai na décima segunda temporada, resolvi escrever estas linhas para registo futuro e esclarecimento dos ignorantes, como eu, que, até à data, não tinham desperdiçado um minuto da sua vida a ver esta excelente série que relata o dia-a-dia de um hospital americano do qual não tive ocasião de reter o nome.

E o que se passa no dia-a-dia deste hospital que pode tornar esta série de tal interesse que mereça doze temporadas? Cirurgias arriscadas? Salvamentos in extremis? Demonstração de grande acuidade médica com diagnósticos miraculosos? Nada disso! Aquela malta anda a comer-se toda uma à outra!

A doutora não sei o quê anda o comer o doutor não sei o quantos, a assistente de farmácia anda a comer o anestesista que, por sua vez anda a comer a maqueira e a encarregada pelos internamentos que à noite vai a um bar gay comer quantas gajas lhe apareçam pela frente e por trás.

O interno acabado de chegar ao hospital, ainda não desfez as malas e já anda enrolado com a filha do médico chefe, fruto de uma relação extra conjugal com a cardiologista que à data está envolvida com o enfermeiro da unidade de queimados. Uma série delas, vá-se lá saber porquê, estão grávidas de outros tantos colegas mas não lhes contam porque eles são casados com outras médicas das quais ainda não falei porque, por esta hora, estão a ser comidas pelo pneumologista e pelo cirurgião vascular na arrecadação do hospital.

De vez em quando lá aparece um doentezito ou outro para atrapalhar as quecas e então os senhores e as senhoras doutoras mergulham os braços nos seus estômagos e intestinos em alegres tertúlias sanguinolentas com o único fim de actualizarem as notícias sobre quem anda a comer quem e não se enganarem na cama quando forem para casa.

Mas a série é só isto?

Não! O anatomista patológico anda com a auxiliar de radiologia que não sabe que ele às quintas-feiras vai dormir a casa da farmacêutica.

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