IURC
Trinta e três anos após a chegada da IURD a Portugal, no passado dia 15 de Outubro, realizou-se no pavilhão Multiusos de Gondomar a primeira grande celebração da IURC (Igreja Universal do Reino da Crestina) para onde afluíram largas centenas de acólitas num frenesi religioso capaz de fazer corar de vergonha os crentes que a 13 de Maio e a 13 de Outubro acorrem em massa a Fátima julgando que são muito bons.
No meio da excitação que se gerou na fila para entrar, houve quem jurasse ter visto ainda pouco a Cristina Ferreira escarranchada numa oliveira, com um vestido azul, muito bonita e com o sol a dar-lhe pelas costas que fazia refulgir o seu cabelo doirado em tons de L’Oreal Age Perfect.
Outros, rapidamente classificados como infiltrados e detractores da Cristina Ferreira, disseram que, na sua opinião aquilo era apenas um gaio entretido a comer uma bolota que tinha apanhado por ali perto, mas esses hereges foram corridos dali para fora pelas crentes por entre gritos de “dor de cotovelo”, “invejosos”, “os cães ladram e a caravana passa” e ameaças de levarem umas belas chineladas com as alpargatas que as fiéis acólitas soltaram dos pés forrados a grossas meias de lã.
Dentro do pavilhão, sem se aperceberem destas desordens, felizmente pontuais, as felizes portadoras de um bilhete de acesso ao recinto, que adquiriam na internet pela módica quantia de 19,00 €, experimentaram o êxtase religioso de ver subir ao palco de braços no ar e a acenar para elas, a Deusa das Donas de Casa e das Poucochinhas. Algumas até choraram de emoção e outras desmaiaram na plateia tendo de ser assistidas pelo INEM, cujos tripulantes para a cerimónia foram especialmente fardados com batas e óculos Cristina Ferreira e as senhoras com sandaletes doiradas da mesma marca.
Para co-oradoras por indisponibilidade da CEO da Nestlé, foram convidadas, entre outras, algumas das maiores sumidades em coaching e mentoring na Península Ibérica: A Carolina Deslandes e a Fanny.
Fanny, ou Fanny a vernacular, que tem como currículo, para além das mamas, o facto ter participado na experiência social designada por Big Brother, onde mostrou toda a educação e bom feitio que passou a ser a sua marca registada, e ser agora uma das apresentadoras do “Somos Portugal”, um programa que dá aos Domingos à tarde na TVI, onde, segundo dizem, continua a demonstrar todas as suas qualidades de comunicadora das berças.
Já a Carolina Deslandes, cantora e candidata a influencer que debita opiniões sobre tudo nos órgãos de comunicação social digitais, fez uma pausa na pausa que estava a fazer para descansar da exaustão que a tinha levado a recorrer ao Hospital um ou dois fins de semana antes, para dar o seu contributo à sessão. Mas, reconheçamos, o fim justifica o sacrifício. E, segundo fontes próximas, as suas palavras foram amplamente aplaudidas pela generalidade das espectadoras, pois embora a maioria não tenha percebido patavina do que ela disse, pelo menos as que estavam na fila da frente, entretiveram-se a ver os bonecos com que ela enfeitou o corpo
Os outros oradores foram um Fred Canto e Casto, um Paulo Figueiredo e um Ricardinho…. nunca ouvi falar!
Bom, mas para além de lavar a roupa suja e a D. Crestina aproveitar a oportunidade para se vingar na Susana Areal que a tinha acusado de ser egocêntrica, que todos podemos comprovar que não o é, a finalidade desta reunião de apostolas, à qual humildemente a organizadora chamou de Cristina Talks apenas e somente para condizer com a revista Cristina e óculos, sapatos e roupa Cristina Ferreira, o objectivo da sessão foi transmitir às presentes alguns truques para que possam ter sucesso, pessoal e profissional, tomando como ponto de partida a experiência na matéria de cada uma delas.
Aqui, na realidade, as mais cépticas se se atrevessem a levantar o dedo e a pedir a palavra poderiam perguntar o que entendiam elas por ter uma vida pessoal bem sucedida. Não conseguir ou não querer manter uma relação estável? Não ter tempo para estar com filhos? Mas, pelos vistos, ou não havia cépticas na plateia ou não se atreveram a pôr o dedo no ar, apenas, segundo as palavras da D. Crestina: “choraram, riram, pensaram, foram desassossegadas”. Naturalmente que a palavra “pensaram”, saiu-lhe espontaneamente e com certeza não terá sido a mais adequada.
Em conclusão, pode-se dizer que foi uma conferência pautada pelo sucesso em que no final e antes de irem servir almoços, as participantes demonstraram que tinham absorvido todos os conselhos fariam delas mulheres de sucesso e gritaram a uma só voz
“És linda! Linda! Linda! Cristina, Cristina, Cristina!
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