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A mostrar mensagens de julho, 2025

Crédito mal parado

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Há cerca de 26 anos, mais mês, menos mês, estava eu sentado numa cadeira da Caixa Geral de Depósitos à espera da minha vez para me fazerem uma simulação de crédito à habitação. Depois das tradicionais duas horas de espera passadas a ler papelinhos com percentagens De TAE, TAEG e juros, lá me chamaram ao gabinete asséptico onde aquela gente trabalha rodeada de um absoluto silêncio que só ousam quebrar com os sussurros que nos dirigem. Após ter dito ao que vinha, o que provocou um arquear de sobrancelhas ao funcionário que interpretei como um "está bem, está", lá começou o seu processo inquisitorial: Como me chamava, o número do BI, o número de identificação social, o número da segurança social, número de sócio do Benfica, data de nascimento, recibo de vencimento, habilitações literárias, se era casa de primeira ou segunda habitação, se tinha fiador, quem eram, o que faziam e se participavam nalgum rancho folclórico, se iam à missa ou ouviam discos do José Cid. Ao fim de mais d...

Rua do Alecrim

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  A propósito de nada. Vinham hoje à minha frente, e a descer lado a lado a rua do Alecrim, duas jovens meninas, uma preta e uma branca, que andariam, talvez, lá pelos seus vinte anitos e com o ar inconfundível de quem mora em Monte Abraão ou terras assim.  A preta, magra e negra como a ferrugem e a branca com um cu que eu, à primeira vista, confundi com o Largo Camões, com tuk tuks estacionados e tudo, Mas o que impressionava mais não era aquela enorme mole de carne cujo relevo geológico deixava adivinhar uma enorme actividade sísmica ou meteórica que cravara a superfície com profundas crateras de celulite, o que impressionava mais eram aqueles pobres butties, que se esforçavam para não serem engolidos por aquele enorme nalguedo que se fosse um ciclone estaria certamente classificado como grau 5. A sério que ainda pensei tirar uma fotografia para memória futura. Pus a câmara do telefone em modo parorâmico para fazer uma 360º que captasse o início da anca que ficava a Leste e ...

Faz hoje 40 anos

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 Onde estavas há 40 anos atrás? Se alguém nos fizer esta pergunta a reacção mais provável é a resposta cliché: Há quarenta anos atrás? Eu nem me lembro do que jantei ontem... Pois é. Ninguém sabe! Mas se eu disser que faz hoje precisamente 40 anos que se realizou o memorável concerto organizado por Bob Geldorf e Midge Ute já se fará luz nalguns cérebros e um ahhhh colectivo faz-se ouvir. E se eu disser ainda que esse concerto se chamava Live Aid já teremos luzes suficientes para enfeitar uma árvore de Natal. Os outros, os outros que não se lembram que se lixem. Vão recordar o He-Man e o Marco do macaquinho e os que nem disto se lembram que passem à frente e vão ver aqueles questionários muito engraçados em que ficamos a saber o significado do nosso nome, quem é o nosso melhor amigo e em que ano vamos morrer e porquê. Mas hoje faz 40 anos que se realizou o Live Aid. O objectivo era angariar fundo para combater a fome na Etiópia  e nem o facto da maior parte do dinheiro angariad...

Figueirinha

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  Ontem inaugurei a época balnear 2018, a minha claro, e armado de guarda-sóis, mala térmica e família lá rumei eu em direcção à praia da Figueirinha que, de há 3 anos a esta parte, se tornou a minha praia de eleição desde que abandonei definitivamente Sesimbra tornada por estes tempos um antro de gente e famílias de plástico, muito iguais, umas às outras, muito finas e cujo passatempo favorito é caminhar ao longo da praia importunando todos quantos querem praticar uma actividade à beira mar. Quando nos programas de vida selvagem falam dos números impressionantes de mortes que um simples gato doméstico provoca na avifauna local quando deixados em liberdade, eu respondo imediatamente com o número ainda mais impressionante de pessoas que um só destes passeadores de peles e banhas tostadas pelo sol pode incomodar. Param jogos de futebol, de raquetes, de voleibol, pisam e destroem poças e piscinas que extremosos pais tinham construído para os seus pequenotes, param praticantes de ski...

Uma pergunta póstuma a Stephen Hawkins

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Quando tenho o computador avariado gosto de me cultivar e não deve ser admiração para ninguém se eu disser que ele avaria muito poucas vezes!  Mas a realidade é que ele agora está avariado e lá estive eu agarrado à televisão a ver um programa do canal National Geographic sobre a criação do Universo e da existência ou não de Deus. Seria Deus necessário à criação do Universo? Stephen Hawkins dizia que não, para haver criação basta existir três coisas, matéria, energia e espaço.  Como a matéria e a energia são uma e única coisa, bastaria existir duas coisas: Energia e espaço. O tempo só viria a seguir. E se o tempo começou com o Big Bang não podia existir nada antes da grande explosão. Mas então como se criou a matéria perguntam alguns de vocês? Responde o Stephen: Não existia! Tal como os protões que tão depressa podem existir como não existir, também a matéria não existia antes do momento zero e por isso Deus não existia! Não percebi nada mas fiquei muito surpreendido com a con...