O Sr Santana


 Por vezes gosto de me considerar um guardador de memórias, até porque me faz acreditar que sirvo para alguma coisa. 

Hoje, remexendo no meu velho baú de memórias, encontrei o Sr. Santana, cobrador reformado na empresa onde ainda vou fingindo que trabalho. 

O caro Santana, homem de modos rudes, largo de compleição e nariz fibroso adorava a sua pinga, naturalmente quando digo pinga refiro-me a um barrilzinho de aguardente, sobre a qual ele dizia "Carlos, tenho de lhe trazer uma garrafinha de aguardente lá da terra. Com um bocadinho de açúcar amarelo lá dentro, ao fim dum mês parece uisc!" e depois contava a rir "quando vou com a família à terra, para cima vai tudo comigo no carro, à vinda para baixo vêem de comboio e eu trago o carro". 

A cirrose levou-o há muitos anos e a garrafa de aguardente que me trouxe continua por abrir na minha garrafeira, mas tenho a certeza que se um dia a vier a abrir se saberá melhor que o melhor Oban.

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