Passa-me aí o lápis negro

 No autocarro que circula todos os dias entre a Praça da Nuvem Fofa e o Alto do Não me Toques, do País dos Fofinhos, o motorista faz uma travagem brusca. Mais uma entre a mil e uma que já fez desde que saiu da Praça da Nuvem Fofa.

Os passageiros rabujam e olham todos uns para os outros com ar de reprovação mas não dizem nada. À milésima terceira travagem, um passageiro que viajava de pé toca repentinamente  à campainha com o nariz e com a testa. Fiquei admirado. Como é que ele conseguira fazer aquilo? Daí para cá tentei muitas vezes imitá-lo mas nunca consegui, ora tocava com a testa ora tocava com o nariz, com os dois ao mesmo tempo nunca consegui.

Apesar de tudo o passageiro não pareceu ficar feliz com a sua proeza e vai de cumprimentar o senhor motorista com um vigoroso “Ó meu grande f***o da p**a, meu c****o de merda (acho que posso dizer merda, não posso?) e se fosses guiar assim para o c*****o? Meu boi, p*******o, chulo merda. Tiraste a carta onde, meu c****o? Foi a p**a da tua mãe que te ensinou ou foi o vaca da tua irmã? F**o-te a cara toda, camelo, urso”.

Depois, virando-se para o resto dos passageiros, mais calmo, completou “este preto deve ter tirado a carta na farinha Amparo”.

Resultado, em Setembro vai ter ser presente a Tribunal, acusado de racismo por ter chamado preto ao motorista.

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