À Pala da Pala do Papa

 

Confesso que não percebo esta polémica toda em torno do palco que irá servir de altar ao Papa Francisco, que nos visitará neste Verão por altura das Jornadas da Juventude que este ano migrou para cá para ver as vistas e aspirar os salutares e rejuvenescedores aromas que emanam do rio Trancão.

É muito caro? A esta pergunta respondo com a mesma resposta que dei quando a mesma questão se ergueu o Centro Cultural de Belém nas margens de outro rio na capital lisboeta. E a resposta é: Depende da perspetival!

Pessoas tacanhas poderão dizer que sim, eu, por exemplo, digo que não acho caro, pois custe 6.000.0000 € ou 134.675.432,00 €, como foi o caso do CCB, e goste-se ou não, estão alí especados para nós vermos. É ali que está o nosso dinheiro. Podemos passar por ali e dizer para com os nossos botões " Epá, que bela casinha eu ali comprei".

Já os dinheiros do PRR e dos subsídios a fundo perdido da UE e dos nossos impostos onde é que param? Ninguém os vê, ninguém os palpa, ninguém sabe onde é que eles estão. Só temos a certeza que eles existem quande, de vez em quando lá se vê o vislumbre de um na forma esbelta de um Ferrari que passa por nós ou de um monte no Alentejo.

A pala do Papa, não. Ficará ali. E num dia de chuva podemos abrigar-nos nela e, se estivermos particularmente inspirados e não tivermos ninguém em volta, poderemos imitar a Sua Santidade fazer uma Urbi et Orbi às gaivotas que por ali populam.

"In nomine patris, et Fili..."

Ehôôôôô, ehôôôôô, ehôôôôô, responderão os bicharocos, planando em largos círculos.

E afinal o que são 6.000.000 de euros? Nada! Um qualquer apostador português que ganhe o Euromilhões numa semana má, oferece logo 3.400.000 € ao Estado sob forma de Imposto de selo. E o mais engraçado e que nem o selo lhe dão.

De mais a mais, dizer que a construção do palco custará 6 milhões é um manifesto exagero, na realidade, tal como no caso do CCB, todos sabemos que erigir um monumento daqueles não ultrapassará os 2 ou 3 milhões e que o resto serão luvas para alguns agentes que mais tarde se virá a saber que são primos direitos, maridos e familiares chegados de deputados, vereadores e presidentes de junta que, mais tarde, quando se descobrir a tramoia, ficarão muito surpreendidos de saber que tais pessoas existiam e virão à televisão dizer que nem sequer sabiam que estavam casados com tal pessoa.

E queriam receber o Papa onde? Numa tenda da Cruz Vermelha? Numa roulotte de bifanas? Tem que ser tudo em grande em bom! Tal como os hospitais públicos portugueses que são autênticos hotéis de cinco estrelas, ou como as modernas escolas, há 30 anos provisórias,  que funcionam em excelentes contentores, produto de uma criteriosa inovadora  politica de reciclagem.

Longe vão os tempos em que a virgem aparecia de forma singela em cima de uma oliveiraPor isso venham, venham mais palas à pala dos portugueses

 

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