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A mostrar mensagens de abril, 2023

A Assembleia dos Bons Costumes

 Quarenta e nove anos após o 25 de Abril, qua-ren-ta e no-ve anos, a Assembleia da República irá estudar uma proposta para sancionar os deputados que não assumam um comportamento consentâneo com a sua actividade no hemiciclo. O que levou a esta decisão foi o comportamento, considerado deplorável pela maioria dos partidos, dos deputados do Chega na recepção ao Presidente do Brasil, Lula da Silva. Repare-se, não foram as viagens fantasma dos deputados ao estrangeiro dos anos 90 em que o erário público foi delapidado por viagens ao estrangeiro de ministros e deputados que se faziam acompanhar pelas respectivas famílias; não foi por deputados e ministros declararem moradas de residência falsas para obterem subsídios a que não tinham direito; não foi por, entre eles, marcarem falsas presenças na Assembleia da República; não foi pelos deputados do PCP abandonarem o hemiciclo quando Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia discursou; não foi pela conspiração contra a direita nos corredor...

25 de Abril, sempre... mas sejam rápidos que eu tenho de me ir deitar

 Eu não sei a vossa opinião sobre o 25 de Abril mas, a meu ver, aquilo pareceu-me uma coisa muito mal enjorcada. Não cabe na cabeça de ninguém que uma revolução para por termo a uma ditadura de 40 anos, comece à meia-noite de um dia e no dia seguinte, menos de 24 horas passadas, já esteja tudo resolvido com a rendição do Governo. Ainda por cima foi tudo mal combinado, pois quando o Salgueiro Maia foi ao quartel do Carmo fazer de mau e exigir a rendição do Marcello (com dois ll) este respondeu-lhe com toda a tranquilidade que se pode exigir numa situação destas:  “olha, filho, tarde piaste. Já me rendi ao Spínola ainda há bocado. Podias ter avisado que vinhas.”, o que deve ter aborrecido imenso o homem pois ia ali todo entusiasmado a pensar que tinha tido a ideia primeiro e pimba! O velhadas tinha-se adiantado! Uma autêntica confusão! Na minha opinião uma revolução que se preze dura pelo menos 3 ou 4 dias, para dar tempo a que as coisas sejam feitas como deve ser e para q...

Mãos de preto

 No metro, à minha frente, um preto  desliza os dedos  sobre o ecrã do telemóvel  São dedos grossos como troncos de árvore crestados pelo pó de cimento que ainda não lhe abandonou as mãos após um dia de trabalho. São mãos feias, mãos ásperas, mãos de trabalho duro, mãos de obreiro que a cada toque no cristal do ecrã fazem desenrolar outras vidas nas histórias das redes sociais Invento-o a chegar à casa e a tocar na face do bebé deitado no berço e o trejeito que o petiz faz ao sentir o toque desastrado daquelas mãos, imagino a repulsa que o filho mais velho sente quando aquelas mãos cansadas lhe afagam a bochecha. Imagino a esposa, também ela cansada, a dizer-lhe "não faças isso ao menino que ele não gosta" Imagino-o a recostar-se no sofá puido e a cerrar os olhos na esperanca improvável que, um dia, os filhos gostem das suas mãos.

Heróis do Mar

 Tive ontem conhecimento que um tal de Cláudio, que, o ano passado, em companhia de mais dois fuzileiros, agrediram e mataram a soco e pontapé um policia à paisana à porta de uma discoteca, irá apresentará como elemento de defesa em tribunal, que a vítima já estaria ferida de morte quando a tentou agredir. Apesar de ter lido esta notícia logo pela manhã, confesso que 24 horas depois ainda estou a tentar digerir este tipo de argumento e que, caso raro, me faltam as palavras para dizer o que sinto a este respeito.  Será possível existir neste mundo alguém com tanta falta de remorsos que lhe permita alegar em sua defesa que, quando tentou pontapear na cabeça a vítima, já esta agonizava no chão ferida de morte? Pretende com isto dizer exactamente o quê? Que era indiferente se a pontapeasse ou não porque iria morrer na mesma e portanto os seus pontapés foram meramente circunstanciais? Que aqueles pontapés foram irrelevantes? Merece por esse motivo a simpatia do juiz ou mesmo a abso...