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A mostrar mensagens de julho, 2023

Da Veneziana à JMJ

 Neste mundo, para além de um bom rabo, existem duas coisas que não me canso de apreciar: o gelado de baunilha da gelataria Veneziana, nos Restauradores, e a total inépcia dos portugueses em qualquer assunto que tenha a ver com segurança. A primeira (o gelado de baunilha, não os rabos que vieram mais tarde), aprendi a apreciar, ainda pequeno, pela mão do meu pai nas poucas vezes em que íamos à baixa por épocas do estio e por lá passávamos, “ É um cone de duas bolas aqui para o rapaz. Escolhe lá de que é que queres”. E eu olhava para todas as cuvets, ainda sem os estúpidos sabores de pastilha elástica, Kinder e Oreos que agora entopem as gelatarias, e dizia “Baunilha e chocolate”, era invariavelmente baunilha e chocolate. Primeiro o chocolate escuro sobre o cone e depois a baunilha por cima. O chocolate era bom, mas a baunilha… ai a baunilha. Ainda hoje me recordo do sabor e do cheiro daquela baunilha. Não me venham cá com Santinis e outras gelatarias da moda que nenhuma delas tem u...

El Rei do Pineal

 Pelas piores razões, fui hoje e certamente foi-o também a maioria dos portugueses, apresentado ao Reino Pineal, uma seita que se auto define como “espiritual” e que, com pleno conhecimento das autoridades portuguesas, se estabeleceu numa Quinta particular lá para os lados de Coimbra e, à laia da seita organizada por Charles Manson há uns anos atrás na Califórnia, decidiu viver à margem das Leis do país que os acolhe e reger-se segundo as regras ditadas pelo seu líder, um iluminado ex-chef de cozinha inglês que um dia decidiu deixar os tachos e as panelas para se dedicar a servir de ponte entre meia centena de acólitos e uma vida de adoração às beldroegas. Mas como nem só de espiritualidade vive o homem e muito menos os déspotas, também é intenção do líder do grupelho, eventualmente inspirado por uma visita ao Portugal dos Pequeninos que ele julga ser o Reino dos Hobbits, tornar a quinta onde vivem num estado independente, livre da opressão das regras da sociedade e onde, aqui perm...

Jornadas Mundiais da Juventude ou a parábola do filho pródigo

 Confesso que nunca achei justa aquela parábola do Filho Pródigo  Não acho justa e certamente serei menos compreensivo que o bom filho que, após certamente ter dito um punhado de palavrões a que a Biblia fez ouvidos moucos por deferência com os ouvidos dos crentes, acabou por compreender o pai por este ter mandado matar o seu melhor bezerro para festejar o regresso do irmão estroina que gastou a sua parte da herança em putas e vinho verde enquanto ele se esfalfava a trabalhar a fazer não sei o quê lá na quinta. Para além de não a achar justa, por muito que me queiram fazer acreditar no perdão e na compaixão pelos que se deixam cair em tentação, sentimentos que parábola terá tentado enaltecer, recuso-me a aceitar e muito menos a compactuar com a lógica que a sustent. Na minha opinião, em caso algum os direitos dos prevaricadores pode sobrepor-se aos direitos de quem cumpre as regras. Subverter esta regra tem o mesmo sentido do que atribuir uma bolsa de estudos a Jack “O Estripa...