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A mostrar mensagens de março, 2023

A política da avestruz

 É, talvez, ainda muito cedo para dizer com toda a certeza se os assassinatos no Centro Ismaili podem ser considerados um acto de terrorismo ou apenas um acto isolado e sem qualquer motivação política ou religiosa praticado por um elemento daquela comunidade. Todavia uma coisa é certa, o dia de hoje, o dia de amanhã e os dias futuros jamais voltarão a ser iguais aos dias de ontem e de anteontem. Portugal entrou numa nova era: A era do terrorismo ou do quase terrorismo porque, independentemente das motivações ou falta delas do criminoso, o modus operandi é facilmente reconhecível em inúmeras situações por essa Europa fora. Uma faca de cozinha, um veículo ou um engenho explosivo e o terror e a insegurança estão lançados. De outra coisa que poderemos ter a certeza, é que o Governo, os políticos em geral e a comunicação social, coadjuvados por uma série de especialistas de quem nunca se ouviu falar, ou pior, especialistas a que já nos vamos habituando ouvir falar, virão de imediato neg...

Uma questão de pilas

 Depois de Enid Blyton, a censura da geração Soflan chegou aos livros de Agatha Christie de onde vão ser retiradas todas as expressões que sejam consideradas “datadas” e, como tal, potencialmente ofensivas para os olhos dos leitores. Olhando para trás e para as obras de Agatha Cristie - e li-as todas – não me recordo nem de uma única palavras que me tenha ofendido, a não ser, claro está, a estúpida mania que a senhora tinha de levar os leitores a pensar que sabiam quem era o criminoso até serem confrontados na última página com a verdade e que quem tinha cometido o crime não era a herdeira ambiciosa, mas sim o jarrão de flores que estava no corredor a fingir-se de inocente a olhar para um quadro de Botticelli, mas cuja culpa não tinha escapado ao olhar arguto de Miss Marple ou das celulazinhas cinzentas de Poirot.  Mas os inquisidores lá irão encontrar palavras tão ofensivas como “bisbilhotice” e as penas de morte dos criminosos irão ser comutadas e transformadas em trabalhos ...

Censura às nossas Memórias

 Ainda mal recuperado do estado catatónico em que havia mergulhado há uns anos quando mudaram o nome da Anita para Martine, esta semana sou atingido por outra notícia que vem abalar de forma irreversível a minha já fragilizada saúde menta: A notícia que os livros da Enid Blyton constavam de uma famigerada lista de livros impuros a que as crianças de mente frágil e sã não deviam ser acesso. E, à falta de uma Bücherverbrennung ao melhor estilo nazi, estão a ser discretamente remetidos para obscuras e inacessíveis prateleiras, ficando apenas à disposição dos infantes novas versões reescritas por pessoas mais sensíveis que a D. Enid e que não utilizem palavras e expressões tão datadas e tão potencialmente ofensivas como “cala a boca” , “não sejas idiota” “Gordo” ou “castanha”, quando este último termo se refere à cor da pele de um pescador, e que tanto parecem ferir a susceptibilidade dos coninhas moles e, mais tarde, podem mesmo levar as crianças que os lêem a entrar numa loja e desat...

Voz aos imigrantes

 Logo pela manhã tive o prazer de ouvir a primeira figura de Estado a debitar mais uma das patetices a que infelizmente já nos fomos habituando. Dizia a proeminente figura que é necessário e premente atrair mais jovens para a política.  Palermice trazer jovens para a política? Não! A palermice veio logo de seguida quando ele, com o entusiasmo que uma câmara de televisão, um microfone ou mesmo um gelado Corneto lhe provocam, continuou: “… e imigrantes. Portugal precisa de imigrantes na política, já repararam que Portugal com tantos imigrantes tem tão poucos representante na política?”.  Felizmente, nesta altura ou lhe cortaram a emissão ou lhe caiu a dentadura ao chão e o resto das suas ideias brilhantes ficou a amadurecer para uma próxima entrevista. Todavia a lebre estava levantada e, enquanto acabava uma valente fatia de pão alentejano com manteiga, dei por mim, muito intrigado, a pensar. “E coelhinhas da Playboy? Também há muito poucas na política, ou mesmo nenhumas se...

Portal CPLP

 O governo português preocupado com as burocracias e filas intermináveis que os imigrantes enfrentavam para pedir uma autorização de residência neste pequeno e simpático paraíso com vista desafogada  para o Oceano Atlântico, inaugurou hoje o Portal CPLP, uma plataforma digital que permite a obtenção deste visto de forma automática e sem obrigar os imigrantes a ficar à chuva e ao sol até serem atendidos por um funcionário do SEF com cara de ter passado mal a noite.  Com este novo portal pretende-se legalizar a situação dos cerca de 150.000 emigrantes ilegais dos PALOP que vivem em Portugal aos moitões pelos quartos da Almirante Reis, enquanto aguardam que o dito funcionário se digne a apor um carimbo azul no papelinho. Sendo uma medida consensual e transversal a toda a sociedade portuguesa, esta iniciativa merece certamente o aplauso de todos os portugueses, muito especialmente daqueles que, enfeitados com uma pulseira cor de laranja, esperam 20 horas nas urgências de um h...