Crédito mal parado

Há cerca de 26 anos, mais mês, menos mês, estava eu sentado numa cadeira da Caixa Geral de Depósitos à espera da minha vez para me fazerem uma simulação de crédito à habitação. Depois das tradicionais duas horas de espera passadas a ler papelinhos com percentagens De TAE, TAEG e juros, lá me chamaram ao gabinete asséptico onde aquela gente trabalha rodeada de um absoluto silêncio que só ousam quebrar com os sussurros que nos dirigem. Após ter dito ao que vinha, o que provocou um arquear de sobrancelhas ao funcionário que interpretei como um "está bem, está", lá começou o seu processo inquisitorial: Como me chamava, o número do BI, o número de identificação social, o número da segurança social, número de sócio do Benfica, data de nascimento, recibo de vencimento, habilitações literárias, se era casa de primeira ou segunda habitação, se tinha fiador, quem eram, o que faziam e se participavam nalgum rancho folclórico, se iam à missa ou ouviam discos do José Cid. Ao fim de mais d...